GENTE QUE QUER CRESCER

Saturday, September 25, 2004

LIBERDADE DO AMOR

Todos os sábados compro o jornal Publico sobretudo por causa da revist XIS que o acompanha. E, normalmente, começo por ler o pequeno texto de Maria José Costa Félix. Precisos, concisos, tocando a essência das coisas, estes textos são sempre um convite à construção interior (À guisa de parêntesis vem-me a expressão de Fernando Pessoa: "Por dentro das coisas é que as coisas são") .
Apetece-me transcrever e comentar um bocadinho do artigo dela deste sábado, recomendando vivamente a sua leitura.
Maria José continua a fazer referência, como no sábado passado, a um livro de Robin Norwood, "Mulheres que amam demais". Diz-se então aí, citando Robin Norwood: "Todas as situações difíceis da vida são um teste. E, à medida que evoluimos, também os testes evoluem. Cada experiência de sofrimento pode servir para nos purificar. Quando parece que um mesmo teste se repete, é porque não aprendemos ainda uma determinada lição ou então, ela está a ser-nos ensinada a um nível mais profundo". E, continua a Maria José. Às vezes precisamos de nos separar de alguém que amamos. Mas, se o fizermos sem ter aprendido a lição que nos foi proporcionada através desse relacionamento, teremos de a repetir.

Parece um pouco dura esta linguagem. Repetir uma situaçãos que me fez sofrer? Não chegou já?
Pois não terá chegado. Temos dificuldade em aprender. Às vezes são precisas várias experiências para darmos um pequenino passo. O importante é que nos vamos deixando atravessar por cada experiência da nossa vida, dolorosa ou gratificante, que a vamos deixando cavar sulcos em nós, penetrando em todos os nossos poros, como a chuva miudinha penetra a terra e que, a partir daí relancemos a nossa cominhada. Aceitando os novos desafios, integrando as novas aprendizagens. E a nossa evolução prosseguirá serenamente, de degrau em degrau tendo o céu como limite.

Wednesday, September 22, 2004

PERCURSOS

Para cada um de nós, cada trajectória
de procura pessoal dispõe de um lugar no
espaço-tempo do universo.
Cada existência tem um papel
a desempenhar na grande coreografia
cósmica da história humana.
Cada percurso de vida, suspenso
entre a terra e o céu, desenha
as suas voltas e os seus arabescos,
os seus regressos ou os seus movimentos
de circunvalação, submetido que está
a grandes aspirações contraditórias
entre ancoragem e enraizamento,
impulso ou erguer em voo.
As nossas errâncias oscilam entre expansão
para os outros e regresso, desdobramento
ou recolhimento sobre si mesmo.
Nós procuramo-nos através de saltos
sucessivos, três passos para a frente e
por vezes dois atrás, quando não é
necessário dar um salto para o lado.
A busca sem fim do melhor de si, move-se
no enclave de liberdade que se oferece
a cada um entre dívida e confiança,
alívio e autonomia, na fronteira do definido
e do indefinido, do passado e do futuro,
entre o oriente e o ocidente de cada ser.

(SALOMÉ, Jaques - A coragem de ser autêntico, ed.Ésquilo, Lisboa 2003, 5ªedição)

Friday, September 17, 2004

OLHE (Formiguinha)

Olhe para trás!
Veja os obstáculos que você já superou.
Veja quanto você
já aprendeu nesta vida
quanto já cresceu!

Olhe para a frente!
Não fique parado,
levante-se quando tropeçar e cair.
Estabeleça metas, tenha planos e prossiga
com firmeza.

Olhe para dentro!
Conheça o seu coração
e analise seus projectos.
Mantenha puros os seus sentimentos.
Não deixe que o orgulho, a vaidade , a inveja
dominem seus pensamentos e seu coração.

Olhe para o lado!
Socorra quem precisa de você.
Ame o próximo e seja sensível para perceber
as necessidades daqueles que o cercam.

Olha para baixo!
Não pise em ninguém.
Perceba as pequenas coisas
e aprenda a valorizá-las.

Olhe para cima!
Há um Deus maior do que você,
que te ama muito
e tem todas as coisas sob control.

Olhe para Deus!
Perceba a profundidade, a riqueza e o poder
da bondade divina.
Sinta esse Deus que olha para você
em todos os dias da sua vida!



Wednesday, September 15, 2004

MUNDO INTERIOR

BOM DIA!
Antes de mais, peço desculpa às minhas intercomunicadoras/res por este "novo rosto" do meu Blog sem prévio aviso. Houve dificuldades técnicas com a instalação do primeiro, que continua lá, mas com outro acesso, e então, decidi criar um novo. Continuamos, então, a partir daqui na certeza de que "este é o primeiro dia do resto das nossas vidas".

E aqui vai um pequeno texto que nos pode ajudar a olhar melhor para o nosso mundo interiror:

"Não tenho palavras para exprimir a minha solidão, a minha
tristeza ou a minha ira.
Não tenho palavras para exprimir a minha necessidade de
diálogo, de compreensão, de reconhecimento.
Então, insulto ou bato.
Então injecto-me, bebo ou entro em depressão.

A violência, interiorizada ou exteriorizada, é o resultdo de uma falta de vocabulário: é a expressão de uma frustração que não encontrou palavras para se exprimir.
Pudera! A verdade é que nunca chegámos a adquirir o vocabulário da nossa vida interior. Não chegamos a aprender a descrever com precisão o que sentimos nem quais são as nossas necessidades. E no entanto a partir da nossa infância aprendemos muitas palavras: somos capazes de falar sobre história, geografia, matemática (...), mas será que chegamos a aprender as palavras da vida interior?
Ao crescermos, privámo-nos dos nossos próprios sentimentos para tentar escutar os sentimentos e as necessidades do pai, da mãe, dos irmãos, das irmãs, do professor, etc...
E assim ficamos à escuta dos sentimentos e das necessidades de todos - patrão, cliente, vizinho, colegas de trabalho - menos dos nossos. Para sobrevivermos e para nos integrarmos, de alguma forma achámos que nos deviamos privar de nós próprios".

(D'ANSEMBOURG, Thomas - Seja verdadeiro, ed. Ésquilo, Lisboa, 2003, p.25-26)

Como este texto se enquadra tão perfeitamente na minha experiência de cerca de metade da minha vida! Levei tanto tempo a aprender a nomear o meu mundo interior!... Mas, por outro lado, sinto que bem cedo comecei a nomeá-lo para mim. Ajudaram-me nesta tarefa difícil os meus pequenos "caderninhos-diário", os grandes confidentes das minhas horas de solidão a paritir da minha adolescência. Depois, foi só ter a coragem de dar voz a este mundo que fervilha quer a gente queira quer não. E é a aprtir daqui que a nossa vida vai tomando densidade e que a nossa atenção ao mundo dos outros se vai tornando fecunda.

Tuesday, September 14, 2004

AS FONTES

Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitaçõ do mundo do irreal
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do mar.

Irei beber a luz e o amanhecer.
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser

(Sophia de Mello Breyner Andresen, em Rev.Viragem, nº45)

Thursday, September 09, 2004

A FALA DO CABOCLO

"E DEUS SONHA PARA NÓS UMA VIDA CHEIA DE DIGNIDADE E NOBREZA QUE NÓS NÃO ABARCA AINDA QUE POR POUCA VONTADE E MUITA IGNORÂNCIA. POIS NEM PRECIS SER RICO PARA CULTIVAR ABUNDÂNCIA E GENEROSIDADE PELO MUNDO. NESSE CORAÇÃO SERTANEJO DA GENTE TODAS ESTAS QUALIDADES TÃO MORANDO AMANCEBADAS ALI NA CASA DO ATEU E DO CRISTÃO. BASTA SER SIMPLES EBÃO E NÃO PENSAR QUE TER FELICIDADE DEPENDE DE ALGUMA COISA MELHOR DE BOA DO QUE A INTENÇÃO DE SER FELIZ MESMO."

Monday, September 06, 2004

DESEJO INFINITO

"Existe dentro de nós um desejo infinito que só o infinito pode preencher. E, o nosso drama é que pedimos às coisas finitas que preencham esse desejo infinito. Pedimos o impossível e isso nos torna infelizes. Pedimos o infinito, a infinita-segurança, a infinita-realidade material. Pedimos a um homem, a uma mulher, o infinito-amor e isso é muito para a finitude deles. Pedimos a uma religião a infinita-verdade e isso é demais para uma religião. Porque as religiões são finitas, elas se transformam, elas passam. Só podemos pedir o infinito ao infinito e não a um infinito exterior. Se escutamos o Sopro que está em nós, se somos vigilantes, conscientes da consciência que anima o universo, aproximamo-nos deste Eu Sou que pode apaziguar o nosso desejo.
Quando descobrimos o nosso Eu Sou verdadeiro, o Grande Eu Sou do vivente, podemos retornar ao topo da montanha, podemos retornar à nossa igreja, ao nosso templo e cantar. Porque não mais consideramos esta igreja ou esta doutrina como ídolos. Sabemos que não são Deus, mas são um caminho em direcção a Deus. Podemos voltar à sexta mulher ou ao sexto marido ou ao primeiro, sem idolatrá-lo, sem lhe pedir o infinito amor. Poderemos, realmente. amá-lo por ele mesmo, amar os seus limites. Podemos voltar às nossas riquezas materiais e saber que elas não são a felicidade e que talvez a felicidade seja compartilhá-las."
(LELOUP, Jean-Yves - Livro das Bemventuranças e do Pai Nosso. ed.Vozes, 2004, p.32-33)

Quando, nos últimos dias de Agosto, me retirei para ums poucos dias de silêncio, encontrei sobre a mesa do quarto que me acolhia, este texto delicadamente enrolado e atado com uma fita. Fiquei surpreendida quando o abri pois, era precisamente este livro do Jean-Yves que tinha levado comigo para me servir de inspiração durante estes mesmos dias. Por que mágica comunicação dos corações, alguém o colocou sobre a minha mesa, é daquelas coisas que pertencem ao reino do mistério. Mas que ficam em nós como uma cosinha gostosa que nos apetece acariciar.
E agora aqui estou a partilhá-lo com os meus amigo(a)s do Blog "GENTE QUE QUER CRESCER". Sim, porque de crescimento se trata. Quem não encontrou já dentro de si este "desejo infinito", senão todos os dias, pelo menos num ou outro momento de silêncio-sofrimento-desencanto-encantamento...? É como uma estrela que aparece, desaparece, mas que teima em convidar-nos a segui-la