RITUAL

Hoje lia: "Torne sagrados os actos mais simples e enriqueça a sua vida com rituais". E, de Saint- Exupéry: "Um ritual é o que torna um dia diferente dos outros dias, um hora diferente das outras horas".

Com estes pensamentos, dei comigo a passar a ferro uma toalha de linho, herança de família, como se isso fosse mesmo um ritual. Dei comigo a imaginar todos os rostos, todas as mãos, todas as gerações pelas quais já passou esta simples toalha. Avós, bisavós, tias...Sim, porque o mundo da roca e do fuso, do tear, da agulha e do fio era um mundo totalmente feminino. Na lareira à volta do lume nas longas noites de inverno. À luz da candeia! Como quem tece ou borda um vestido para Deus! E o meu ferro lá ia andando para um lado e para o outro, qual "navete" no tear, num vai-vem ritmado, passando e repassando a linha pela teia....Creio que este foi o meu ritual da tarde. Aquela toalha, aquele de passar a ferro, tornou-se hoje algo de sagrado para mim. "Torne sagrados os actos mais simples..." e a sua vida ganhará profundidade e beleza.

"Não corras,
não tenhas pressa.
Onde tens que ir
é só a ti...

(Juan R. Jimenez)

SENTIDO DA VIDA

Hoje, lia:

"O objectivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmas. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente"

(Oscar Wilde, citado pela Xis)

Não partilho com o autor o tom pessimista das últimas linhas. Mas, partilho sim a reflexão sobre o objectivo da vida. Aliás, aconselho vivamente a leitura da revista Xis desta semana, nomeadamente os artigos sobre o sentido da vida e sobre a consciência. Em tempo de férias, tempo de um repouso merecido, seria interessante encontrarmos uns momentos especiais para esse encontro connosco mesmos de que, segundo Oscar Wilde, "as pessoas têm medo." Tomarmos consciência de quem somos, que fazemos passeando-nos agradavelmente por este nosso imenso planeta cheio de cor e luz, mas também de morte e de guerra, que fazemos nós por aqui? Qual a nossa missão particular? O que que cada um de nós tem de fazer e que mais ninguém fará, porque cada um tem o seu JEITO PRÓPRIO, único e especial, porque eu sou único e especial? E somos capazes de sentir isto até à raíz do nosso ser? Somos ÚNICOS E ESPECIAIS! Que maravilha!...Ficam as interrogações para um momento de meditação...

SIMPLICIDADE

Há dias chegou-me às mãos um livro com um título muito sugestivo: "A arte da simplicidade". Folheei-o e logo me entusiasmou. Como se pode ler logo na capa, "num mundo de excessos, simplificar a vida é enriquecê-la". Senti-me a alinhar nisto. A autora, Dominique Loreau, depois de ter conhecido e brilhado na civilização ocidental, fixa-se no Japão e aí aprende a arte da simplicidade, que partilha connosco através deste livro dirigido especialmente às mulheres. Aconselho-o vivamente a todas as minhas amigas. Para despertar o apetite, aí vai um pedacinho:

"Logo de manhã, estabeleça o plano do dia. Lembre-se do objectivo geral que se propõe para as suas acções. Diga a si própria que caminha para a sua própria perfeição. Este novo dia é um novo grau na sua vida. É este género de reflexões pessoais que darão forma à estética da sua existência. Mas vele para não cair no narcisismo".

Agora que o mar apetece, que o sol nos acaricia, que a vida brota por toda a parte, que vamos fazer com o nosso Verão? Que vamos fazer connosco? Tempo para amar, tempo descarregar energias (as negativas) e fazer novos carregamentos...tempo para relaxar, tempo para fazer tudo quanto nos ponha NOVOS de novo. Sim, porque o inverno vai longe, a chuva já passou, os dias curtos também. E que tal uma boa "esticadela" como a dos dias?

"Somos filhos do sol e nascemos para brilhar"