GENTE QUE QUER CRESCER

Wednesday, July 18, 2007

VULNERABILIDADE AO AMOR

"Cada guerra, toda a paz, se geram no teu próprio coração. Se assumires o papel de vítima, encontrarás sempre culpados. Se a culpa ou o ressentimento são o teu ponto de partida, não poderás ter outro porto além do medo. Se não consideras o outro como consideras a tua mãe, ou os teus filhos...vais apenas encontrar danos.
O teu próprio medo é a força do opressor. É a tua própria sombra que te faz ver a vida como um caminho de dor. A matéria prima das defesas é feita do metal obscuro do medo. Todo o bunker acaba por se converter em prisão. As demonstrações de força exterior revelam debilidade interior.
Todas as armas modernas não serão suficientes para ganhar a guerra seja com quem for. Ainda que se ganhem todas as batalhas à custa de vidas humanas, a guerra estará irremediavelmente perdida se não pusermos a descoberto a essencial humanidade que habita em cada coração. Aí, somos humanos. Aí somos irmãos. Filhos de uma só consciência que se expande na diversidade de cada um.
Se não formos vulneráveis ao amor, nenhuma riqueza compensará a nossa miséria interna, nenhuma fortaleza poderá ocultar a nossa debilidade. O coração é a conquista autêntica, a terra prometida, a terra da paz. Ali começa e tremina o território da pátria.
Ali, a vida não é uma batalha pela liberdade mas uma corrente de liberdade para exprimir solidariamente a nossa maior dignidade: a de sermos humanos."
(Jorge Carvajal)

Sunday, July 15, 2007

FELICIDADE

Li há dias num jornal local uma reflexão interessante sobre a busca da felicidade. O autor dissertava sobre este jeito que a gente tem de procurar a felicidade fora de nós próprios. De facto, andamos todos mais ou menos a raciocinar da seguinte forma: "Quando eu tiver uma casa melhor, mais espaçosa, aí vai correr tudo bem? Quando eu mudar de emprego...Quando eu puder viajar...Quando conseguir juntar mais dinheiro..." E acabamos por viver num futuro que muitas vezes nunca chega, perdendo a grande oportunidade de sermos felizes no momento presente, vivendo em pleno aquilo que nos é dado viver aí e pronto. Porque, é só isso que temos. E o mesmo autor lembrava uma história que eu ouvi nos meus tempos de menina e que não resisto a contar aqui, mais ou menos com as palavras que a ouvi, talvez à minha mãe:
"Havia, num país longínquo, um rei que vivia muito triste. Nada nem ninguém conseguia fazê-lo sorrir, nem os mais hábeis bobos da corte. Um dia, um dos seus súbditos, disse-lhe que havia, nos confins do seu reino, um homem muito feliz. Que era mesmo o homem mais feliz do mundo. Logo o rei mandou alguém ter com esse homem pedindo que lhe trouxessem pelo menos a camisa dele para que, vestindo-a, lhe pudesse transmitir um pouco da felicidade e alegria do seu dono. Lá foram então os enviados do rei ter com esse homem que era um lenhador.
Quando voltaram para o castelo, o rei perguntou-lhes: "Então, encontraram o homem mais feliz do meu reino?" "Sim", responderam os súbditos, encontramos esse homem.
"E a camisa dele que eu vos pedi que trouxessem?" "Magestade, responderam os súbditos, o homem mais rico do vosso reino é um lenhador que anda descalço e nem camisa tem".
Quando penso que esta história era contada por gente simples da minha aldeia, compreendo que essa gente, sem grandes saberes, tinha esta sabedoria simples que percebe do essencial da vida,

Tuesday, July 03, 2007


"O rio atinge os seus objectivos porque aprende a contornar os obstáculos".
(Lao Tsé)

Sunday, July 01, 2007

VERÃO

Neste nosso planeta as coisas estão a acontecer descompassadas...desencontradas, "desatempadas": Calores tórridos, chuvas torrenciais desacostumadas, e nós aqui, nesta beira-mar privilegiada, com o Verão a querer entreabrir a porta, mas com medo, com muito medo...Vai já chegar, vai chegar! Enquanto esperamos, aqui fica este poema de Fernando Pessoa que nos leva em imaginação até às ondas e ao céu azul, porque imaginar é vive.
O céu, azul de luz quieta.
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa
Pontos de dedos a brincar.

No plano anónimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo o sentido deste dia.

Que bom, se isto satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.