GENTE QUE QUER CRESCER

Friday, October 26, 2007

A NOSSA CASA


A cada passo, e pelos mais diversos meios vamos sendo alertados para o cuidado com a "Nossa Casa, a Mãe-Terra". E ainda bem que estes alertas nos chegam. Somos demasiado distraídos, andamos demasiado ocupados e, talvez por isso, há coisas essenciais que nos passam ao lado. Entre elas, esta, de cuidarmos da "nossa casa comum". Nestes dias ensolarados em que as folhas vão mudando de cor, passando por diversos tons, em que o chão se atapeta para, daqui a alguns meses, ressuscitar numa nova vida, dá gosto passear pela Natureza, olhar o céu tão azul, deixar-se inundar por este sol quentinho e viver a paz deste "entardecer do verão". Pessoalmente, vivo esta estação com um gozo especial. É tão bonita esta sensação de saborear o Outono, que nem me preocupa a chegada do Inverno, que vai estando à porta. Porque os nossos fostos variam muito, também acredito que haja quem goste do Inverno...

Abrindo ao acaso uma revista do correio de hoje, leio:


"A Terra é a nossa casa"


Não vivas sobre a Terra como um estrangeiro,

um turista no meio da Natureza.

Habita o mundo como a casa do teu pai.

Crê na semente, na terra, no mar;

mas, acima de tudo crê nas pessoas.

Ama as nuvens, as máquinas, os livros;

mas ama principalmente o ser humano.

Sente a tristeza do ramo que murcha,

do astro que se extingue,

do animal ferido que agoniza;

mas sobretudo sente a dor e a tristeza das pessoas.

Alegra-te com todos os bens da terra:

com a sombra e com a luz, com as quatro estações;

mas, antes de tudo, às mãos-cheias,

alegra-te com as pessoas.


(Nazim Hikmet)

Thursday, October 18, 2007

ESPERAR CONTRA A ESPERANÇA

Companheiro de jornada,
recebe a saudação do caminhante!

Senhor do meu partido coração;
Senhor da despedida e do fracasso;
do silêncio grisalho da tarde que desce;
recebe a saudação da casa em ruinas!

Luz da manhã recém-nascida,
sol do dia perdurável;
recebe a suadação da esperança que não morre!

Sou caminhante de um caminho sem fim;
Tu que és o meu guia,
recebe a saudação do homem vagabundo!

(R. Tagore)

Neste fim de tarde outonal deixo-vos esta pequenina jóia de Tagore. Somos todos "caminhantes de caminho sem fim". E nesta caminhada é bom encontrar alguém que nos vá ajudando a pensar o nosso caminho. E Tagore ajuda sempre. Pelo menos a mim. É profundo. É rico. Conduz-nos para o essencial. Ensina a sabedoria.

Wednesday, October 10, 2007

BOM PARA NÓS...

Partilhando um pouco das minhas leituras:
"Só devemos fazer aquilo que é bom para nós. O que é pensado por nós e não inculcado pelos outros. Todos os jogos de poder que têm devastado o nosso planeta fundamentam-se na erosão da auto-estima. Se todos fizéssemos aquilo que julgamos que é bom para nós, haveria menos conflitos e para todos seria mais fácil ter mais aceitação pelos outros. E saberíamos que os outros, como nós, também se encontrariam no caminho da descoberta da auto-estima".
(SIMÕES, Luis Martins, em Goste de Si, p. 65)
Não nos ensinaram esta forma de proceder. O que é bom para nós, nem sempre coincide com o que nos apetece fazer. Há uma diferença de nível. O que me apetece, pertence e parte do nível das emoções. O que é bom para mim parte do nível do Ser. Muitas vezes nos foi dito que o importante era pensar nos outros e fazer tudo para lhes agradar e para que eles estivessen felizes.. . Será que a felicidade dos outros passa pela negação de mim e, por conseguinte, pela minha própria infelicidade? Não creio. Acredito, pelo contrário que, quanto mais feliz eu for, mais felizes serão os que estão à minha volta.

Tuesday, October 02, 2007

VER DENTRO...

Hoje lia:
"É preciso aprender as nossas línguas interiores. Uma grande parte da existência passa-se entre si e si mesmo. É bom explorar o terreno e tirar daí o melhor partido".
(Jean-Louis Schreiber)
Aprender as nossas línguas interiores...Gosto desta ideia, gosto deste enfoque. O que se passa dentro de nós? Tanta coisa: diálogos, melhor, monólogos, pois falamos e damos a resposta, ideias, pensamentos, emoções! Então aqui, quando chegamos ao reino das emoções é quase impossível nomeá-las, tão diversas e variadas, tão coloridas ou descoloridas, tão leves ou pesadas...É um mundo que dança no nosso interior, uma espécie de mar cujas ondas vão e vêm, mais altas e bravas umas, mais suaves outras num perpétuo movimento, num pertétuo fluir. Para alguns, talvez a maioria, este mundo é-lhes parcial ou totalmente desocnhecido. Muitos acordam para ele quando uma vaga um pouco mais alta os submerge. Às vezes é demasiado tarde. Não há volta a dar-lhe.
Muitas vezes me interrogo porque somos tão renitentes em parar para observar este nosso fascinante mundo interior! Parece que temos medo dele. E no entanto, quando arriscamos o encontro, acabamos por nos deixar fascinar e amar isso que vemos, que consciencializamos e sentimos. "Tenho saudades de mim", ouvia há tempos. Então matemos essas saudades. Apostemos no silêncio, na meditação, espaços e momentos privilegiadas para esse encontro.