GENTE QUE QUER CRESCER

Saturday, February 28, 2009

A VIDA É MAIOR...

"A vida é maior do que toda a arte. Iria ainda mais longe e diria que o homem cuja vida se aproxima da perfeição é o maior dos artistas; pois, para que serve a arte sem os pilares seguros de uma vida nobre."
(Mahatma Gandhi)

Monday, February 23, 2009

AMIGO

Por estes dias chegou-me às mãos um texto muito bonito que partilho convosco. É de Vínícius de Moraes.
"Procura-se um amigo.
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são emganados. Não é preciso que seja puro nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e realizações dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive".
Vinícius de Moraes (1913-1980)

Thursday, February 19, 2009

SOL, É VIDA

Ultimamente tenho vindo a descurar este meu Blog, que iniciei com tanto carinho e persistência. Não é falta de interesse, mas apenas uma ocupação da mente direccionada para outro lado. É... tenho andado ocupada com alguns trabalhos que exigem uma atenção e tempo quase total. Talvez brevemente possa partilhar convosco alguns deles.
Entretanto, com este sol lindo que rapidamente secou as grandes chuvadas invernais, também dentro de nós nasce um SOL, para alguns imenso, para outros talvez ainda sol a cheirar a inverno, mas SOL! E o SOL É VIDA! Já imaginaram uma Terra sem sol?
Há dias, conversando com uma amiga que passa uns tempos em Londres, dizia-me ela: "Preciso de sol. O meu corpo, a minha alma, têm necessidade de sol...Ontem no caminho para o trabalho, havia uma réstia dele. Então, durante esse meu percurso, fui procurando os bocadinhos que tinham sol. Até fiquei melhor, mais animada.." Somos assim, nós, as gentes dos países agraciados por um sol abundante! Pois ele aí está desenterrando a vida de dentro de nós. E, com ele, as flores, espreitando por todo o lado. Ontem, encontrei alguém que não tinha reparado nisso! Dei comigo a pensar: "Como andamos distraídos pela vida". Com uma natureza tão linda e tão generosa, e nós de olhos fechados! Então, deixemos os nossos olhos, os do corpo e os da alma, abrir-se à VIDA e com ela ao amor, e a tudo de bom que de certeza encontraremos no nosso caminho.

Sunday, February 08, 2009

DÁ-ME UM LUGAR...

DÁ-ME UM LUGAR NO TEU REINO

Quando ainda não conhecia o meu rei,
pensei, atrevidamente, que poderia esconder-me dele
sem pagar a díivida que me exigia.

E, depois do meu trabalho de cada dia
e do meu sono de cada noite, fugia-lhe e tornava a fugir.
Mas logo parava a respirar,
vinha a sua mão e agarrava-me.
Soube, assim, que Ele me conhecia e que não há no mundo
lugar algum que não lhe pertença.

Agora, todo o meu desejo
é colocar tudo quanto tenho a seus pés,
e conseguir o direito a ter um lugar no seu reino.

Quando lemos este texto, temos a sensação de estar a ler um místico do cristianismo, por exemplo S. João da Cruz. Mas não, este texto pertence a um místico oriental que nada tem a ver com o cristianismo: Rabindranath Tagore.
Quando nos desligamos das Religiões ou melhor, quando pairamos acima delas, a nossa linguagem para chegar a Deus, torna-se muito simples, muito profunda e muito idêntica em todas as religiões. Aí, a esses níveis tudo quanto sentimos é a nossa fragilidade e a nossa dependência total desse SER a quem, nas mais diversas linguagens e das mais diversas formas, chamamos DEUS. A partir destes sentimentos, só podem florescer as atitudes de humildade, respeito e entrega. Estas atitudes florescem em todos os místicos sejam eles do Hinduísmo, do Judaísmo, do Islamismo, Cristianismo ou qualquer outra religião. Que possam ser também as nossas...