GENTE QUE QUER CRESCER

Wednesday, September 23, 2009

RECOMEÇO

Estamos em tempos de "recomeço". O verão expande-nos, descansa-nos, e o Outono convida-nos ao retomar da vida, ao recolhimento que vai atingir o seu ponto alto no Inverno. Gosto deste rodar das estações e do simbolismo que as acompanha.
No fim de semana passado estive num Curso que dava pelo título: CRIAR OUTRA VIDA. Vai este curso na linha de nos ajudar a reflectir sobre a vida que, de um modo geral, levamos e que é muito marcada pelo stress, pela pressa, pelo fazer, esquecendo-nos do SER (emboa vamos dizendo que o importante é ser). Por isso, muitas vezes andamos infelizes.
Fernando Pessoa, através de Ricardo Reis, diz-nos o que é SER.
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera o exclui.
Sê todo em cada coisa: Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim, em cada lago, a lua toda
Brilha, porque alta vive".
Odes/ Ricardo Reis
Só que, o tal SER, o eu profundo, aquilo que verdadeiramente nos define, onde residem os nossos aspectos mais positivos, os nossos valores, os nossos sonhos, as nossas aspirações, tem de ser cuidado, para poder brilhar.
Este espaço, tem sido, desde o seu nascimento, um convite a mergulharmos nesse EU-profundo e nele já apreceu, inclusive este poema e muitas sugestões para irmos ao encontro de nós próprios. Nunca é demais repetir.
Assim, o que nos ajudará a cuidar de nós é, entre outras coisas:
Meditar, passear pela Natureza, ficar quieto sem fazer nada, respirar e estar atento à respiração, praticar yoga, Xi-Kung, ou qualquer outra activida fisíca, caminhar, aceitar-mo-nos tal qual somos, estar atento aos sinais, observar, constatar e verbalizar as tensões, viver o momento presente, ouvir música, ler, orar, pintar, esculpir, escrever, etc.
Criar outra vida, é voltar-me para mim, para que aquilo que sai de mim, ou seja as minhas actividades venham impreganadas da minha sabedoria interior. Vamos tentar viver desta forma?

Monday, September 07, 2009

AGOSTO...


Passou o mês de Agosto. Tinha chegado envergonhado, meio fresco, chuvoso, ventoso...Depois, tornou-se o que deve ser - pelo menos o que esperamos que seja - um mês radioso de sol e calor. Bom para enchermos o corpo e a alma de sol e de luz; bom para suar um bocadinho e desintoxicar; bom para nos deixarmos imbuir pelo azul do mar e pelo verde da montanha.

E Setembro vai continuando pelo mesmo caminho, embora as folhas das árvores comecem a anunciar o Outono, já bem próximo.


E, é tempo de, lentamente, irmos voltando ao nosso dia-a-dia, aos nossos "recomeços" de actividades, iguais às que deixamos na gaveta há um mês atrás. Gostaria que este recomeço não fosse apenas um retomar de coisas que fazemos todos os dias e todos os anos, mas que fosse um autêntico recomeço. Como se fizéssemos as coisas pela primeira vez. Com um espírito renovado. Com um entusiasmo novo. Não como quem volta, mas como quem começa de facto. Experimentem colocar algo de novo naquilo que fazem. Juntem-se. Formem equipas que antusiasmem. Façam projectos, por exemplo de bem-dizer. Já repararam com que facilidade, nos nossos trabalhos, falamos do que vai mal. Da crise, do chefe que é um chato, do colega que é sempre a mesma coisa, do tempo que não ajuda, etc. E se começássemos a encontrar motivos de bem-dizer, ou seja de "dizer bem". E há sempre motivos para dizer bem, embora os nossos olhos encontrem mais depressa os outros, os de mal-dizer.


Sugiro então que nos centremos, que busquemos no mais fundo de nós próprios e busquemos aí a criatividade, a alegria e o entusiasmo de quem recomeça.


Sobretudo para os que, como eu, gostam da montanha, deixo um poema do poeta das serras e da SERRA, Miguel Torga:


CONFRONTO

Serras da minha infância

E da minha velhice.

Então, porque as passeava

Alado como o vento

Que nelas me enfunava

O corpo e o pensamento.

Agora, porque as namoro

Alcandoradas

Na eminência sagrada

Dum altar

Onde nenhuma fé cansada

Pode chegar.

Serras dos meus poemas

Malogrados.

Sonhados

Da mesma altura

Dos dias abrasados

Da inspiração,

Arrefecidos, são

Ecos rasteiros de uma voz erguida.

Balbúcios de candura

Na memória dorida

Que, teimosa, os murmura.