Um comentário da Isabel no Blog (a propósitom, a Isabel escreve muito bem), suscitou em mim, mais uma vez, o tema do perfeccionismo. É um tema que me é querido, porque também eu sofri durante anos o resultado de uma formação para o perfeccionismo. E levei o meu tempo a desligar-me disso e a deixar fluir a vida de uma forma bem mais relaxada.
O mandato "sê perfeito" que uma grande parte das pessoas traz desde a sua infância é profundamente injusto pois, no fundo, nos desumaniza. Se pensarmos bem, qualquer pessoa, porque humana, tem direito a errar, a fazer, por vezes, coisas menos certas. Mas, o que é isso de coisas menos certas? O "certo" e o "errado" não está ainda imbuído de mandatos e crenças do passado? Os conceitos de certo e errado foram adquiridos por mim, ou recebi-os de alguém e ainda não me dei ao trabalho de os examinar à lupa do meu próprio sentir, da minha própria consciência?
Mais ainda: Para alguns, "ser perfeito" é conformar-se a um determinado modelo de perfeição que interiorizou seja ele Jesus Cristo, Buda, ou qualquer outro iluminado. Quer dizer, ser perfeito para esses é correr atrás de... E, claro, isso cansa, esgota. Suporta-se por algum tempo, mas depois deita-se fora porque se torna demasiado pesado. O maratonista chega à meta completamente esfalfado! Á vida não é nenhuma maratona. A Maratona é um luxo para alguns mais resistentes...
"Ser perfeito" para mim hoje é deixar emergir o que há em mim. É ser igual a mim próprio, aceitando-me e gostando de mim, com as minhas sombras e as minhas luzes. E, paradoxalmente, é a partir daí que as mudanças que eu gostaria de ver e experimentar em mim, acontecem. Só temos de correr para dentro de nós próprios. O resto, virá por si. Isto confirma aquele sábio princípio da filosofia grega: "conhece-te a ti mesmo". Conhecer e... deixar emergir, confiantes na sabedoria do nosso SER mais profundo, que sabe daquilo que é bom para nós e também daquilo que podemos suportar num determinado momento.