GENTE QUE QUER CRESCER

Monday, September 06, 2004

DESEJO INFINITO

"Existe dentro de nós um desejo infinito que só o infinito pode preencher. E, o nosso drama é que pedimos às coisas finitas que preencham esse desejo infinito. Pedimos o impossível e isso nos torna infelizes. Pedimos o infinito, a infinita-segurança, a infinita-realidade material. Pedimos a um homem, a uma mulher, o infinito-amor e isso é muito para a finitude deles. Pedimos a uma religião a infinita-verdade e isso é demais para uma religião. Porque as religiões são finitas, elas se transformam, elas passam. Só podemos pedir o infinito ao infinito e não a um infinito exterior. Se escutamos o Sopro que está em nós, se somos vigilantes, conscientes da consciência que anima o universo, aproximamo-nos deste Eu Sou que pode apaziguar o nosso desejo.
Quando descobrimos o nosso Eu Sou verdadeiro, o Grande Eu Sou do vivente, podemos retornar ao topo da montanha, podemos retornar à nossa igreja, ao nosso templo e cantar. Porque não mais consideramos esta igreja ou esta doutrina como ídolos. Sabemos que não são Deus, mas são um caminho em direcção a Deus. Podemos voltar à sexta mulher ou ao sexto marido ou ao primeiro, sem idolatrá-lo, sem lhe pedir o infinito amor. Poderemos, realmente. amá-lo por ele mesmo, amar os seus limites. Podemos voltar às nossas riquezas materiais e saber que elas não são a felicidade e que talvez a felicidade seja compartilhá-las."
(LELOUP, Jean-Yves - Livro das Bemventuranças e do Pai Nosso. ed.Vozes, 2004, p.32-33)

Quando, nos últimos dias de Agosto, me retirei para ums poucos dias de silêncio, encontrei sobre a mesa do quarto que me acolhia, este texto delicadamente enrolado e atado com uma fita. Fiquei surpreendida quando o abri pois, era precisamente este livro do Jean-Yves que tinha levado comigo para me servir de inspiração durante estes mesmos dias. Por que mágica comunicação dos corações, alguém o colocou sobre a minha mesa, é daquelas coisas que pertencem ao reino do mistério. Mas que ficam em nós como uma cosinha gostosa que nos apetece acariciar.
E agora aqui estou a partilhá-lo com os meus amigo(a)s do Blog "GENTE QUE QUER CRESCER". Sim, porque de crescimento se trata. Quem não encontrou já dentro de si este "desejo infinito", senão todos os dias, pelo menos num ou outro momento de silêncio-sofrimento-desencanto-encantamento...? É como uma estrela que aparece, desaparece, mas que teima em convidar-nos a segui-la



2 Comments:

  • At 2:01 AM, Blogger Ilda Fontoura said…

    Faz-me bem vir aqui logo de manhã, antes de começar o "grosso" das actividades diárias. É uma espécie de meditação (depois da já feita)...E este "desejo infinito" oferece uma vasta matéria de reflexão. Hoje parei nesta coisa que é a tentação de pedirmos ao finito para preencher o nosso desejO infinito. Pedimos às pessoas que preeencham as nossas necessidades de nos sentirmos amados, acarinhados, admirados, apreciados, aplaudidos...que preencham os nossos momentos de solidão, de angústia, de tristeza, inclusivè que preencham os nossos sonhos e anseios. Assim, levamos os outros à exaustão, cansados de tentarem dar-nos aquilo que não podem. Então, qual a solução? Não vejo outra além daquela de que fala o Jean-Yves: voltar-nos para o INFINITO que nos habita,ou seja, voltar-nos para Deus, seja qual for o nome que lhe dermos e a ideia que dele tivermos. Os outros são APENAS E SÓ CAMINHOS...para esse INFINITO.

     
  • At 2:59 PM, Blogger Ilda Fontoura said…

    Para perceber essa coisa da sexta mulher ou do sexto marido terás de ir ler o texto da Samaritana em Jo.4.
    Aqui, penso que o autor se refere àquela liberdade do amor que encontrou a sua própria essência e não se perde no acidental. A vida centrada como costumo dizer muitas vezes.

     

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