AGOSTO...
Passou o mês de Agosto. Tinha chegado envergonhado, meio fresco, chuvoso, ventoso...Depois, tornou-se o que deve ser - pelo menos o que esperamos que seja - um mês radioso de sol e calor. Bom para enchermos o corpo e a alma de sol e de luz; bom para suar um bocadinho e desintoxicar; bom para nos deixarmos imbuir pelo azul do mar e pelo verde da montanha.
E Setembro vai continuando pelo mesmo caminho, embora as folhas das árvores comecem a anunciar o Outono, já bem próximo.
E, é tempo de, lentamente, irmos voltando ao nosso dia-a-dia, aos nossos "recomeços" de actividades, iguais às que deixamos na gaveta há um mês atrás. Gostaria que este recomeço não fosse apenas um retomar de coisas que fazemos todos os dias e todos os anos, mas que fosse um autêntico recomeço. Como se fizéssemos as coisas pela primeira vez. Com um espírito renovado. Com um entusiasmo novo. Não como quem volta, mas como quem começa de facto. Experimentem colocar algo de novo naquilo que fazem. Juntem-se. Formem equipas que antusiasmem. Façam projectos, por exemplo de bem-dizer. Já repararam com que facilidade, nos nossos trabalhos, falamos do que vai mal. Da crise, do chefe que é um chato, do colega que é sempre a mesma coisa, do tempo que não ajuda, etc. E se começássemos a encontrar motivos de bem-dizer, ou seja de "dizer bem". E há sempre motivos para dizer bem, embora os nossos olhos encontrem mais depressa os outros, os de mal-dizer.
Sugiro então que nos centremos, que busquemos no mais fundo de nós próprios e busquemos aí a criatividade, a alegria e o entusiasmo de quem recomeça.
Sobretudo para os que, como eu, gostam da montanha, deixo um poema do poeta das serras e da SERRA, Miguel Torga:
CONFRONTO
Serras da minha infância
E da minha velhice.
Então, porque as passeava
Alado como o vento
Que nelas me enfunava
O corpo e o pensamento.
Agora, porque as namoro
Alcandoradas
Na eminência sagrada
Dum altar
Onde nenhuma fé cansada
Pode chegar.
Serras dos meus poemas
Malogrados.
Sonhados
Da mesma altura
Dos dias abrasados
Da inspiração,
Arrefecidos, são
Ecos rasteiros de uma voz erguida.
Balbúcios de candura
Na memória dorida
Que, teimosa, os murmura.
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