GENTE QUE QUER CRESCER

Thursday, October 27, 2005

PRIMEIRO EU...

Num avião, quando a hospedeira explica a utilização das máscaras de oxigénio para o caso de despressurização da cabine, ouve-se: "Se vai acompanhado duma criança, puxe primeiro a máscara para si e só depois para a criança". Bem pensado. É que, só depois de estar a respirar em condições, é que poderei ajudar cabalmente a criança.
Ocorreu-me esta comparação quando pensava em tantas pessoas que anda por aí a ajudar, que se gasta a "ajudar" e que elas próprias são infelizes, queixando-se do mundo da socieadade, e até da ingratidão daqueles que ajudam.
Fomos ensinados a pensar nos outros. Fomos treinados no esquecimento de nós próprios. E tanto nos esquecemos de nós, que acabamos por minimizar o que realmente vivemos, sofremos e sentimos, acabando por nos desprezar porque, assim nos disseram, pensar em nós é egoísmo. Ora, como posso ajudar o outro a "respirar" se eu próprio não "respiro"? Como posso desenvolver o amor pelo outro se não me amo e estimo a mim mesmo? Se não me aprecio nos meus dons, nas minhas capacidades, no meu gosto de vier?
O nosso povo diz, com muita sabedoria, que "antes de tentar por em ordem a casa do vizinho, tenho de pôr em ordem a minha". Se não tivermos isto em conta, é muito provável que muitas das nossas supostas ajudas terminem em dependências, em dissabores e, muitas vezes em mal entendidos e em frstrações.
Iso não quer dizer que não devo ajudar quem precisa. Claro que o devo fazer. Mas, depois e só depois de eu próprio ter a minha estrutura interna bem consolidada. Senão, misturo tudo.

1 Comments:

  • At 4:03 AM, Blogger Ilda Fontoura said…

    Fico contente com tão intensa participação, diálogo de "crescimento" entre a Manuela a a ana bela. Não vou comentar nada em especial. Só frisar quanto é importante este "GOSTAR DE MIM" que é o mesmo que cuidar de mim, não de uma forma narcísica, mas com o propósito de estar mais apta, mais apto para cuidar dos outros. Isto até é muito fácil quando estamos bem connosco, pacificados, serenos, abertos...É mais complicado quando as nossas sombras vêm ao de cima e turvam tudo. Aí, sentimo-nos abaixo de zero, decepcionados connosco, incapazes de abertura aos outros, desencorajados, como se, aquilo que antes era tão real e tão bonito deixasse de existir. Então, só nos resta uma mão amiga ou o mergulho no mais profundo de nós mesmos, em busca do essencial que aí continua perene e imutável à espera de nós.

     

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