PERFEIÇÃO

Ontem, falava com uma amiga sobre o perfeccionismo de um amigo comum. "Pois, dizia ela, quer tudo muito perfeito e as coisas acabam por não acontecer". Mais tarde, dei comigo a reflectir sobre esta coisa da perfeição, sobre as angústias e ansiedade que isso traz à vida das pessoas. Quantas donas de casa ficam ansiosas atrás do grãozinho de pó que ficou por limpar, agressivas porque tal objecto saiu de tal lugar, e...por aí fora. Somos vítimas de "mandatos" das nossas mães, de modelos da nossa sociedade, provavelmente também de ditos relgiosos, tais como, na espiritualidade judaico-cristã, "sede perfeitos como o Pai é perfeito". E então, entendemos isto como se à nossa frente estivess uma estátua dourada, brilhando em todo o seu esplendor, e nós, cá de longe, lascando a nossa pequenina estátua, ofegantes para chegar lá.

Já entendi a perfeição desse modo. E confesso que ela me trouxe muita angústia, amargura, inflexibilidade, exigência próxima da dureza. Hoje entendo a perfeição de um modo bem mais sereno. Ser perfeito é viver o aqui e agora com inteireza. É isso, é ser "inteiro", aceitando-se com os seus êxitos a fracassos, com o seu positivo e o negativo. A História da Humanidade (e com mais acerto a da Salvação) não é uma história de homens e mulheres perfeitinhos, mas de homens e mulheres que caminham, sem se deter, caindo e levantando-se amando e odiando, querendo e não querendo...mas CONSCIENTES disso.