HUMILDADE

"Cantam as rãs e os grilos na noite:

se não abrires o teu coração,

poderás ouvir, mas nunca escutar o seu canto.

Escutar, é um dom do coração humilde.

Nunca poderás ver a flor que olhas

se não abrires o teu coração.

Ver a essência para além da aparência

é um dom do coração humilde.

Nunca poderás sentir no teu interior aquilo que tocas

se não abrires o teu coração.

Sentir, é um dom do coração humilde.

Só a vulnerável e frágil flor exprime,

no seu perfume e na sua cor,

a bela alquimia da união da Terra e Sol.

Só o fruto que se desprende do ramo

pode revelar, na sua branda textura

a madureza da sua doçura.

Só quando estiveres à beira das lágrimas

terás acesso à fonte interior da ternura.

Só quando aceitares morrer na semente

poderás germinar para o mistério luminoso da terra escura.

A humildade é uma semente,

que não se pretende flor e não se sabe fruto,

mas encerra no seu interior

toda a potência que o sol amadureceu no sulco.

(Jorge Carvajal, em "Por los senderos del alma" - tradução livre)