GENTE QUE QUER CRESCER

Tuesday, April 01, 2008

NOS CAMINHOS DA VIDA - l

Há histórias de vida que ficam em nós, quer pelo seu quê de extraordinário, pelos ensinamentos que encerram, quer como exemplos de que é sempre possível caminhar na construção de uma vida mais feliz, apesar de todas as adversidades. É uma dessas histórias de vida, que quero deixar neste espaço, porque creio que muita gente pode tirar proveito da sua leitura.
Conheci a Geny há anos, nos seus trinta e poucos. Corpo invejável, rosto bonito, sobretudo quando se abria na doçura do seu sorriso, onde se destacavam uns olhos tristes, enlutados pelo sofrimento, pela raiva, pelo ódio pela agressividade.
A Geny tivera uma infância complicada, com violência e abusos de todo o género. Mais nova duma família de sete filhos, nunca gozou daqueles mimos de que geralmente são alvos os filhos mais novos, que acabam por sofrer de carinho em excesso. Pelo contrário, da Geny parece que todos se sentiam com o direito de abusar. Por isso, desde muito cedo, foi recalcando ódios e raivas, malquereres que, de quando em vez, saltavam cá para fora em agressividades. A escola, a única instituição onde, possívelmente, lhe foram transmitidas algumas regras de sã convivência, foi o terreno fértil para a libertação de recalcamentos, o que se traduziu no abandono precoce, antes de os seus estudos terem chegado a um nível desejado.
Sem atenção, carinho e afecto, a Geny foi abrindo os seus próprios caminhos. A solidão e turbulência da infância continuaram pela adolescência fora, numa catadupa imparável. Bem cedo, casou. Casamento sem paixão, sem amor, mas porque "teve de ser" e porque a vida na casa paterna se tinha tornado insuportável... (continua)

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