GENTE QUE QUER CRESCER

Tuesday, March 25, 2008

MONOLOGANDO...

Por estes dias dei uma saltadinha ao "interior" (do nosso país, claro). É impressionante como esse interior fica tão perto! A uns escassos 60-70km da costa deparamos com uma realidade que nada tem a ver com a agitação das gentes mais próximas do mar. O ritmo de vida das aldeias serranas é incrivelmente parecido com o das aldeias de há uns 50 anos atrás. Gente sem pressa, agarrada à terra e vivendo da terra, passeando pachorrentamente os seus gados, carregando um molho de erva ou de lenha, percorrendo caminhos e caminhos a pé. Olham admirados para alguém estranho que passa, como se não estivessem habituados a obervar rostos, diferentes daqueles com que se cruzam no dia-a-dia.
E fico-me a pensar neste estranho mundo em que vivemos: uns, lidando com as mais avançadas tecnologias e sem quase poderem passar sem elas, outros mal sabendo lidar consigo próprios, mal sabendo interpretar uma simples factura, uma simples receita médica, um discurso televisivo! Há ainda um apego ao passado, não só às tradições mas também à forma de fazer as coisas que, até certo ponto, impede a abertura a outros horizontes. Sobretudo para os mais idosos, tudo tem de ser feito exactamente como se fazia no tempo dos avós ou bisavós...Vive-se uma espécie de eternidade.
Alguns elogiam esse género de vida. Eu não consigo. Dou-me conta do desconforto, da falta de condições para uma vida condigna, da penúria material e sobretudo cultural, das doenças e da falta de cuidados médicos mais acessíveis e, francamente, não consigo sentir-me bem a elogiar o sossego da vida das aldeias do interior. Como eles dizem, "aquilo é bonito para uns dias, porque, para os que lá vivem, é mais a dureza do que a beleza".
E foram estas algumas das "meditações" que me passaram pela cabeça, nuns dias de tanto frio que quase nem era possível pensar!

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