GENTE QUE QUER CRESCER

Monday, May 17, 2010

CAMINHAR

Hoje há uma apetência grande pelas caminhadas. Depois de passarem as grandes chuvas invernais, grupos mais ou menos numerosos sobem as serras por caminhos já previamente assinalados, com o único objectivo de caminhar. Às vezes junto-me a eles ou eu própria organizo um grupo e lá vamos serra fora encher os pulmões de oxigénio, e os olhos de céu e de verde. O nosso Miguel Torga era, ao que parece, um grande andarilho e tinha como companheiro lá pela suas terras de Sabrosa, o padre da aldeia. Um dia, quando voltavam duma caminhada, vira-se para o amigo e diz-lhe: "Trazemos a alma cheia de serra". É um pouco isso o que sinto quando regresso duma dessas caminhadas. Estou tentada a, numa próxima caminhada, entrevistar alguns dos caminhantes para investigar sobre as razões mais profundas do seu caminhar.
Transcrevo, dum espiritual da nossa época:
"Viaja-se para se chegar a uma meta; caminha-se para se estar a caminho. Muitas pessoas são notoriamente fascinadas pela experiência de estar-no-caminho, que o caminhar lhes proporciona e encontram nisso um símbolo para a sua vida. A vida é um caminho. Passo a passo, cada um segue a sua estrada, cada qual carregando o seu fardo. Há caminhos errados, desvios, trechos áridos. Caminhos árduos e brandos. E nós caminhamos uns comos outros, aproximamo-nos uns dos outros. Andamos por caminhos anteriormente percorridos por outros, que deixaram sinais para que nós encontrássemos o nosso".
"Anselm Grün, em A Caminho".

2 Comments:

  • At 7:20 AM, Blogger Isabel said…

    Hoje, de manhã, estava sentada no meu carro a passar os olhos pelo jornal antes de entrar na escola onde trabalho quando senti que o condutor que estacionava atrás de mim raspava o seu veículo no meu. Achei que tinha conseguido atingir o auge da minha incredulidade quando verifiquei que, em vez de refazer a trajectória do estacionamento após o primeiro toque,o condutor manteve a que tinha desenhado, continuando a raspar o meu carro. Saí do carro ao mesmo tempo que o que supunha ser um condutor azarado ou deveras distraído e aventurei um "então correu mal o estacionamento?" O que se passou a seguir revelou-me a real amplitude da minha capacidade de pasmar. O senhor negou ter tocado no carro, chamou ele a polícia e, perante as evidências de tinta no seu próprio carro, à altura devida para comprovar o toque, continuou a negar a ocorrência. Que se terá passado? Na altura achei que se tratava de mentira descarada, mas agora, menos estupefacta e muito mais insegura, deixo a dúvida invadir-me. Será que o senhor achou mesmo que estava a tocar no passeio como referiu e, por isso, raspou o carro? Mas não admitir a possibilidade? Concluo que não exerci o meu direito de reclamar a reparação do dano e o meu dever de mostrar àquele cidadão que temos que assumir responsabilidades. E fi-lo tão só porque tentei colocar-me no lugar dele (sei que tem dificuldades económicas e penso agora que poderia estar convencido do que dizia). Qual o caminho a seguir? O de cidadã com direitos ou o de "grandessíssima trouxa"? Que grande importância têm neste momentos os nossos modelos e a forma como percorreram caminhos que todos temos que tomar! Concluo ainda: abençoados aqueles que têm menos dúvidas, ainda que não raramente se enganem!

     
  • At 7:33 AM, Blogger Ilda Fontoura said…

    Bom, acho que essa da "grandessíssima trouxa" é um pouco exagerada!!! Na PNL dizemos muito que o "mapa não é o território". Quer dizer, aquilo que se se passa na cabeça de cada um é uma incógnita. Daí estas coisas, estes desentendimentos, este cada um sentir que tem a verdade. Talvez aqueles que "não têm dúvida" ou que "raramente se enganam" vivam a vida com mais tranquilidade...
    Talvez tivesses de fazer pagar os danos, mas como ias tu provar que ele tinha arranhado o teu carro? Se tinhas como, talvez tivesse sido bom avançar, senão o tal "colocar-se no lugar do outro" talvez tenha sido a atitude mais sábia.

     

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