GENTE QUE QUER CRESCER

Wednesday, November 09, 2011

AO COMPASSO DO TEMPO

Não gosto dos dias pequeninos que se iniciam a partir da mudança de hora do mês de Outubro. Tenho a sorte de ver sempre o pôr-do-sol da minha casa (quando as nuvens não o cobrem, claro) e, constacto que, de dia para dia, o sol nos vai deixando cada vez mais cedo. Depois, fica toda aquela imensidão de noite em que somos forçados a trabalhar com luz artificial. Há pessoas que entram em depressão, sobretudo aquelas que não têm o tempo ocupado, ou cuja vida é muito vazia de conteúdos. Para pessoas de idades muito avançadas isto torna-se por vezes problemático. Que fazer com tantas horas à frente sem nenhuma ocupação, muitas vezes sem poder ler ou enterter-se com qualquer outro passatempo! Resta a companhia da televisão que acaba por aborrecer. E a música, para quem aprendeu a apreciá-la.
Poderá ajudar a sabedoria de sabermos estar connosco. A certeza de que a nossa vida continua a ser a maior  preciosidade, mesmo quando ela se aproxima do fim. Mas isso tem de ser preparado. Leituras construtivas poderão ajudar a preencher aquele espaço interior de solidão que sempre nos acompanha. O hábito da meditação, como tantas vezes tenho sugerido aqui, poderá ser também uma óptima ajuda. E depois, há também aquele dever da comunidade estar alerta para as pessoas sós e dentre essas, para as solitárias. Porque, não é a mesma coisa.
Para quem tem o hábito de uma vida mais espiritual, este tempo é propício a voltar-se para dentro, numa actividade de reconstrução interior, de encontro consigo e com a sua dimensão transcendental. No fundo, só isso nos pode libertar da solidão. Porque a solidão não é tanto a ausência dos outros, mas antes a ausência de nós próprios - a saudade de nós - que só o aprender a parar pode solucionar.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home