GENTE QUE QUER CRESCER

Wednesday, April 19, 2006

DESERTO

Cheguei, há dois dias do deserto. De facto, a viagem foi um percurso de cerca de 4000km pelo lindo e variado país de Marrocos, aqui, às nossas portas. Mas, para mim, foi ir ao DESERTO. Desde que me deparei com um folheto de divulgação da Expedição " O Despertar dos Sentidos", foi o "ir ao deserto" que saltou em mim. Sonho que vinha de muito longe...Que vinha desde a minha primeira leitura de "O Principezinho", que passou pelo "Lawrence d'Arábia", por Carlos Carreto junto dos Tuaregues e por leituras mais recentes de experiências do deserto.
Falar da experiência do deserto é complicado. É que cada um o experimenta à sua maneira inserindo-o na sua própria história de vida. Mas, creio que o deserto é sempre uma experiência forte. Estar ali, mo meio do nada, ouvindo a voz das dunas, do vento, do sol, deixando-se envolver por aquela areia fina que tudo penetra, tudo apaga, tudo renova...é como que sentir a própria vida presa por um fio, mas aberta ao infinito, ao essencial. É experimentar a força de vida que se esconde por debaixo daquelas areias escaldantes e que bem depressa brotará em catadupas.
O Deserto e os nossos desertos...As nossas paragens e quebras no meio do nada onde parece que tudo acabou. Só que no fundo, sabemos que não acabou. Lá bem por detrás de tudo, esconde-se sempre a VIDA. No nosso "Manual do viajante" havia algumas frases que ajudavam a viver o deserto. Uma delas dizia: "No deserto, nada se prevê: espera-se". E eu acrescentei, em mensagens para algumas amigas, "na vida também". Sim, na vida, também a grande sabedoria é esperar. Abrir-se àquilo que surgir, na certeza de que tudo está aí para o nosso crescimento. A vida, é da ordem do imprevisto. E só sofremos quando tentamos controlá-la. Creio que este foi um dos grandes ensinamentos que trouxe do deserto: saber esperar, saber abrir-se ao imprevisto.

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