GENTE QUE QUER CRESCER

Monday, January 02, 2017

ÁFRICA

Da cidade do Cabo subimos na direção de Joanesburgo. Foram 20 horas de autocarro noite dentro, parando de vez em quando para reativar as pernas, aquecer e restaurar forças numa das estações de serviço que servem a linha, por sinal muito bem equipadas. Em princípio este troço da viagem deveria ter sido feito de comboio, segundo dizem, um muito bom comboio. Só que, uns dias antes da nossa viagem alguém reservou o comboio, não sabemos quem nem para quê. Não foi assim tão mau, pois o autocarro era bastante confortável. A mim incomodou-me sobretudo o frio.
Pela manhã chegamos então a Joanesburgo. O carro que já devia estar à nossa espera atrasou e foi preciso esperar na estação umas horas pela sua chegada. Aproveitamos para repor o que faltava ao nosso organismo depois de todo aquele tempo de viagem: comida e sono.
Nesta cidade ficamos alojados numa Guest House simpática, com um pequeno jardim e uma piscina. O tempo não estava suficientemente quente pata piscina mas o jardim deu para apanhar um pouco de sol e para fazermos um barbecue num dos jantares durante o qual tivemos a visita e um primo do Mateus, o nosso guia, e da sua simpática mulher. Neste dia do barbecue tínhamos visitado o Soweto, o bairro onde nasceu e viveu algum tempo o grande líder africano Nelson Mandela. Foi uma visita simpática que deu para perceber a extensão deste bairro e a qualidade de vida que aí se vive - zonas já com uma certa qualidade de habitabilidade, mas a grande maioria bem degradada como em qualquer outro bairro das zonas limítrofes das grandes cidade. Este, que começou por ser um pequeno gueto, tem hoje cerca de três milhões de habitantes.  Almoçamos neste Bairro num Centro Comunitário que tenta elevar o nível de vida das pessoas. Alguns, poucos, percorreram o Bairo de bicicleta. Os outros fomos de carro. Impressionante foi também nesta cidade a visita à cadeia onde esteve Mandela - o Constitutivo Hill, onde me impressionou sobretudo o "sofisticado" esquema do apartheid com uma requintada separação das zonas dos dormitórios reservados para brancos, mestiços, indianos e negros; da mesma forma, e aqui é o requinte total, a quantidade  de comida (em gramas) e a qualidade para cada uma destas raças! Impressionante também o Museu do Apartheid, um lição fantástica sobre um período negro da história da África do Sul.
De Johanesburgo, seguimos para Bulawaio, já no Zimbábuè.

Tuesday, November 22, 2016

ÁFRICA


Continuo a reviver a minha viagem a África. Dentro de mim continua uma corrente imparável de imagens, qual filme policromado num incessante rodar. A beleza e a grandiosidade das imagens do Cabo, da cidade do Cabo. A lembrar o Rio de Janeiro. Toda ela cercada de montanhas. Cidade que se espraia por entre morros escarpados. O "fio" que nos suspende no ar e em breves minutos nos coloca lá bem em cima na Table Mountain, a 1100 metros de altitude. Lá em cima, uma imensa "mesa" onde podes passear à vontade e desfrutar de vistas impressionantes sobre a Cidade. O frio é gélido, o sol escondeu-se, e o chocolatinho  quente é mesmo bem vindo e reconforta a alma e o corpo. A "Table" tem uma vegetação muito própria onde predomina a "protea", a flor da África do sul. Também pássaros e outros animais específicos desta altitude se passeiam por ali. Na descida é de nem sequer pensar em fechar os olhos, porque tudo é muito bonito e é difícil abarcar toda aquela beleza.

E as imagens continuam. Ao fim da tarde é o fervilhar da cidade, o regresso do trabalho...depois, a cidade noturna com as ruas, bares, restaurantes completamente esgotados. Juventude, sim muitos jovens. As luzes, o barulho, a música...lembra os centros das grandes cidades europeias em dia de sexta ou sábado à noite. Mas, estamos numa quarta ou quinta feira!
Depois, vem o momento tão esperado de visitar a Hoben Island onde Nelson Mandela, passou 27 anos da sua vida. Só que, para nossa grande frustração, quando já nos dirigíamos para o barco, foi anunciada a impossibilidade de partida do barco devido ao mau tempo. E foi com pesar que alteramos o programa e continuamos a nossa volta pela cidade.
Mas o Cabo não é apenas este bulício, esta maravilha esta sensação de que aqui não falta mesmo nada. Estamos numa cidade cosmopolita. Não, lá ao longe estão os "bairros "como em qualquer grande cidade sobretudo nos países menos desenvolvidos. Os bairros, que são iguais em toda a parte. Ruelas estreitas, casas/barracas umas em cima das outras, lixo, esgotos a céu aberto, onde a pobreza continua a ser a nota dominante. Aqui não visitamos nenhum, mas iremos fazê-lo mais longe, em Joanesburgo.

Thursday, November 10, 2016

Já nem me lembro quando foi a última vez que entrei neste meu Blog, já tão velhinho. O certo é que me faltava a motivação. Simplesmente, não tinha nada que escrever. Não tinha inspiração...

Parece que, desta vez ela chegou com a minha viagem a África. Do Cabo a Zanzibar, assim se chamava a viagem. E assim foi. O grupo era composto por 12 pessoas mais o Guia, o Mateus, conhecedor de todas esta zona e Líder competente.
Antes de partir, muita gente me dizia e me dizem normalmente quando me vêm partir para uma viagem de aventura: "Tens muita coragem. Eu não era capaz...". Eu, assim como outros que partem em viagens de aventura, não sentimos isso como coragem. Sinto apenas a obediência a um impulso interior que me empurra para aí, sem me fazer  demasiadas perguntas sobre eventuais perigos ou problemas.  Depois, perguntei-me: "O que é então a coragem". Encontrei como definição (a minha), como sendo a capacidade de enfrentar o desconhecido e/ou potencialmente perigoso, com determinação, sem se deixar intimidar por possíveis dificuldades. Fui ainda ao dicionário e batia certo. Creio que são os outros que, olhando para nós e não se sentindo capazes de fazer o mesmo, nos apelidam de "corajosos". Não, é apenas a força interior que nos empurra, sem termos de recorrer a alguma coisa extraordinária para além disso.

Cheguei, então de África, a África dos meus sonhos de jovem, a África a quem dei cerca de 20 anos das minhas energias numa total gratuidade. Visitei uma parte de África que não conhecia, mas cujos problemas vivi muito de perto nos longínquos anos das independências. Eu tinha vivido em Moçambique e agora atravessei a África do Sul, o Zimbabwe, a Zâmbia e a Tanzânia, países com que Moçambique faz fronteira. Foram dias de "revisitar", foram imagens que voltaram ou vieram pela primeira vez cheias de significado. (continua)

Friday, July 03, 2015

TRIUNFAR

"Deixar o mundo um pouco melhor do que o encontraste (...), ter brincado e rido com entusiasmo e ter cantado com paixão, sabendo que alguma vida respirou melhor porque tu viveste, isso, é ter triunfado". (Ralph Emerson)

Sunday, December 07, 2014

EMOÇÕES

Hoje, apetece-me refletir sobre a facilidade com que, de um momento para o outro, podemos perder a paz de espírito e ficar, mais ou menos prisioneiro das nossas emoções. Basta um pequeno contratempo, basta que as coisas não corram exatamente como queríamos, para logo nos perturbarmos e ficar a matutar no que provocou a nossa alteração de humor. Precisamos daquela imperturbabilidade budista que fica alheia a toda e qualquer emoção, como se elas não existissem. Bem, isso é o que nós os Ocidentais pensamos sobre budismo e congéneres. Pessoalmente, já vi alguns bem irritados...
É um facto que as emoções estão aí. Fazem parte de nós. aprender a viver com elas e com as suas alterações, as suas movimentações, faz parte do nosso crescimento interior.

Wednesday, December 03, 2014

OCUPAR O TEMPO?

Ontem escrevia sobre o comentário de alguém às minhas atividades: "É bom ter o tempo ocupado"- dizia esse alguém. E escrevi também que isso me provocava desconforto. Diz-me a experiência e a observação que fazer seja o que for apenas para ocupar o tempo não traz satisfação nem realização pessoal. Precisamos de nos sentir úteis com aquilo que fazemos. Precisamos de ter um objetivo. Fazer coisas apenas para estar ocupado não chega.
Lembro-me de alguém (que por acaso é minha irmã), que aos 92 anos, no dia a seguir ao Natal (com um pouco de exagero), começa a pensar nas prendas do próximo ano. E o certo é que toda a gente, no Natal, tem uma prenda dela. Uma peça de renda ou de lã, toda a gente recebe alguma coisa. Isto é trabalhar com objetivo, ainda que seja apenas este: fazer alguma coisa para dar prazer a alguém. E isso não tem idade.
É estabelecendo pequenos ou grandes objetivos que despertamos a vida em nós e crescemos. Se, claro, trabalharmos para os alcançar.
Quais são, hoje, os seus objetivos de vida? Para este dia, para esta semana, para a sua vida...

Tuesday, December 02, 2014

VIVENDO

Tenho andado a tentar criar uma certa ordem e rotina diária na minha vida. Entre elas, ativar este Blog. Rotina...que não se identifique com automatismos. Trata-se de uma rotina mais ou menos conscientes. Como  gostaria eu que fosse o meu dia?  A maior pate das vezes até sigo este percurso, outras vezes descuido-me.
Então, é assim a minha rotina diária (desejável): Não me levanto nem muito cedo, nem muito tarde. 7.30-800h é a minha hora habitual de me levantar. Depois, tomo o meu pequeno almoço, normalmente tipo pequeno almoço de hotel: substancial e demorado. Seguem-se os cuidados higiénicos normais e arranjo do que ficou em desordem com estes trabalhos (cuidados da casa). Como sou cristã-católica também penso diariamente na minha relação com Deus e dou-lhe um pouco do meu tempo. Segue-se uma caminhada que tento seja de mais ou menos uma hora. Um pouco de descanso e...vão sendo horas de pensar no almoço. O meu objetivo é que, salvo raras exceções, as minhas manhãs sejam para cuidar de mim e do meu bem estar. Quero manter uma vida com qualidade enquanto me for dado andar por cá. E como os anos vão sendo cada vez menos, não me posso descuidar para poder gozar em pleno desta vida e deste mundo que me foi dado habitar. A VIDA é um DOM.
 
Depois do almoço e de uma pequena sesta de 15-20m dedico-me às minhas tarefas de contribuição para a sociedade de que faço parte. Aulas na Universidade Sénior, orientação de clubes, preparação desta e de outras atividades, sobretudo as relacionadas com a Paróquia onde oriento grupos de aprofundamento da fé. Conversa com os amigos, na Net ou de outra forma.E tenho também a minha horta que visito pelo menos 2-3 vezes por semana. Tento ainda ter o meu tempo diário para meditação.
Quando eu falo de todas estas atividades, dizem-me às vezes: "Pois, é bom ter o tempo ocupado". Esta frase provoca em mim um certo desconforto, porque eu não me dedico a tudo isto para ocupar o tempo. Tudo isto é fruto do meu dinamismo interior.  Tenho objetivos. Por um lado, como disse acima, quer manter uma vida com qualidade até ao fim dos meus dias e, por outro lado, quero continuar a contribuir para esta Sociedade, retribuindo assim tudo quanto recebi dela.
E é a isto que eu gostaria de me manter fiel. Não numa fidelidade rígida, mas dinâmica e flexível, que  nem me deixe sentimentos de culpa nem sentimentos desleixo ou preguiça. Quero uma vida bonita e prazerosa.