GENTE QUE QUER CRESCER

Monday, December 31, 2007

FESTAS-VOTOS...

Chegaram por altura do Natal. Continuam a chegar neste fim-de-ano. Mensagens, votos...às dezenas! Hoje, uma trazia, entre imagens bem lindas, as palavras: FESTEJE, ABRA NOVAS PORTAS, NUNCA DESISTA, LUTE, RELAXE, BRINQUE, ENCANTE-SE, APRENDA, SONHE, AME, ORE, SEJA FELIZ! Tanta coisa linda como programa para um ano, melhor, para uma vida. E se a gente conseguisse que todos os dias fossem dias de Ano Novo, dias de recomeçar, dias de concretizar tudo isto?
Quanto a mim, encanto-me também com tudo isto que é expresso nas mensagens e louvo por tanta criatividade e imaginação. Mas hoje, preferi ficar com a simplicidade do poema que termina a minha agenda deste ano:

Canção mínima

No mistério do sem-fim
equlibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro.

Entre o planeta e o sem-fim
a asa de uma borboleta.

Cecília de Meireles
Como os poetas sabem ser simples e profundos! Como sabem dizer tudo em poucas palavras! Para mim, passa por aqui, por este poema, a fragilidade do tempo, a beleza, o mistério, o encantamento...tudo o que quero levar para 2008. Para repartir com todos aqueles e aquelas que vou levando no coração.

Sunday, December 23, 2007

ACENDENDO VELAS

ACENDENDO VELAS
Por estes dias
Fui acendendo velas.
Depois, fui-lhes dando nomes.
Era a vela da Esperança,
Era a vela da Paz,
Era a vela da Solidariedade,
Era a vela da Tolerância,
Era a vela da Amizade,
Era a vela do Amor,
Era a vela da Paciência,
Era a vela da Ternura...
E tantas, tantas outras.
Eram bonitas, de todas as cores!
Depois, a cada uma
Fui associando um amigo, uma amiga...
E vieram rostos, olhares,
Vieram gestos, ternuras,
Cumplicidades.
E as pequenas luzinhas
Agitavam-se, dançavam,
Sorriam, rodopiavam!
E logo aconteceu a FESTA,
Do nosso ENCONTRO,
do ENCONTRO do
Divino com o humano;
Para que, JUNTOS,
Nos tornemos mais divinos.
Façamos enão a FESTA
E celebremos o ENCONTRO
Neste NATAL.
Ilda

Friday, December 21, 2007

NATAL

Invariavelmente, o Natal faz-me voltar, cada ano, aos tempos da minha infância: ao calor da lareira, ao jogo dos pinhões - rapa, tira, põe, deixa - à alegria descuidada das brincadeiras com os meus porimos e primas, ao cheiro dos fritos e a toda a magia que envolve a noite do Natal de qualquer criança. Tem de haver sempre Natal, nem que seja só para permitir às crianças viverem essa noite maravilhosa!
Depois, houve também os natais da minha adolescência passados no colégio. O Menino Jesus transportado, em plena noite, num andorzinho azul até ao presépio que se erguia enorme na capela de fundo castanho decorada com camélias brancas, os cânticos, a Missa do Galo...Tudo aquilo era tão mágico!
E ainda os natais de África, sem neve, mas com o mesmo encanto. O "Silent Night" também aí tinha o seu lugar!
Creio que uma grande parte desta magia e encanto me têm acompanhado ao longo da vida e permanecem em mim. Vivo este tempo de coração aberto e encantado, desejando que todos, mas mesmo todos, tenham pelo mneos um pouco de felicidade.
Procurando o Natal nos meus autores preferidos, encontrei "Natividade" do Miguel Torga que passou a infância e, de certeza muitos natais, num local não muito longe do meu. Partilho-o com os meus leitores/as:
Natividade

Arde no coração da noite
A ritual fogueira que anuncia
O eterno milagre
Do nascimento.
Batida pelo vento,
Que da cinza das brasas faz semente,
É um sol sem firmamento,
Directamente
Aceso
E preso
À terra
Por mãos humanas.
De raízes profanas,
Lume de vida a bafejar a vida,
O seu calor aquece
A única certeza que merece
Ser aquecida...

(Miguel Torga, em Poesia Completa II, Círculo de Leitores)


Friday, December 14, 2007

Paisagens de Inverno II

Passou o Outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas limpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio,
Fuginfo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela flutuando,
E, debaixo das águads fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
- E, refractadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Camilo Pessanha