GENTE QUE QUER CRESCER

Thursday, October 27, 2005

PRIMEIRO EU...

Num avião, quando a hospedeira explica a utilização das máscaras de oxigénio para o caso de despressurização da cabine, ouve-se: "Se vai acompanhado duma criança, puxe primeiro a máscara para si e só depois para a criança". Bem pensado. É que, só depois de estar a respirar em condições, é que poderei ajudar cabalmente a criança.
Ocorreu-me esta comparação quando pensava em tantas pessoas que anda por aí a ajudar, que se gasta a "ajudar" e que elas próprias são infelizes, queixando-se do mundo da socieadade, e até da ingratidão daqueles que ajudam.
Fomos ensinados a pensar nos outros. Fomos treinados no esquecimento de nós próprios. E tanto nos esquecemos de nós, que acabamos por minimizar o que realmente vivemos, sofremos e sentimos, acabando por nos desprezar porque, assim nos disseram, pensar em nós é egoísmo. Ora, como posso ajudar o outro a "respirar" se eu próprio não "respiro"? Como posso desenvolver o amor pelo outro se não me amo e estimo a mim mesmo? Se não me aprecio nos meus dons, nas minhas capacidades, no meu gosto de vier?
O nosso povo diz, com muita sabedoria, que "antes de tentar por em ordem a casa do vizinho, tenho de pôr em ordem a minha". Se não tivermos isto em conta, é muito provável que muitas das nossas supostas ajudas terminem em dependências, em dissabores e, muitas vezes em mal entendidos e em frstrações.
Iso não quer dizer que não devo ajudar quem precisa. Claro que o devo fazer. Mas, depois e só depois de eu próprio ter a minha estrutura interna bem consolidada. Senão, misturo tudo.

Thursday, October 20, 2005

ESPAÇO RUAH

RUAH, palavra hebraica que significa ar em movimento, hálito, vento, respiração, sopro vital. Ao pensar num espaço onde pudesse ajudar as pessoas a viverem mais intensamente, através de um acompanhamento individual, através da meditação e da reflexão, foi este o nome que me veio à mente: vai chamar-se "Espaço RUAH". E esse espaço aí está. Vai ser inaugurado àmanhã com a presença de muitas e muitos (mais muitas do que muitos), que já estão a caminho, que já vão descobrindo a sua própria interioridade, o seu SER profundo e vão procurando meios para entrar em contacto com ele e desenvolver todas as suas potencialidades.
Todos são benvindos a este espaço. Todos quantos desejarem encontrar-se consigo e talvez com Deus, seja qual for o nome que lhe derem. Este espaço situa-se mesmo em frente à minha casa na Estrada da Taboeira, nº14, em Esgueira. Apetece-me invocar este RUAH, este SOPRO VITAL, para que ele venha com toda a sua força dar alento e coragem a todos quantos se encontram esmorecidos e desanimados nos caminhos da vida. Que ELE venha!

Monday, October 10, 2005

ESPIRITUALIDADE/RELIGIOSIDADE 3

Com este texto termino a reflexão sobre o tema "espiritualidade". Ao ler estes textos, facilmente percebemos que a espiritualidade é inseparável do desenvolvimento pessoal. Não há autêntico desenvolvimento pessoal se deixarmos de lado a dimensão espiritual da pessoa. Num mundo centrado em valores puramente materiais é bom sentir que, aqui e ali, vão aparecendo pessoas atentas a valores não perecíveis, aqueles que nos acompanham até à nossa passagem, e que vão fazendo a diferença e impulsionando a vida.
Então aqui vai uma síntese do que se disse anteriormente e que é bem concreta e bem aplicável no dia-a-dia:
"Podem considerar-se práticas espirituais quaisquer actividades inseridas no nosso quotidiano que nos levam a uma relação mais profunda com o divino que nos habita - e, assim, a uma união mais completa com o nosso verdadeiro ser, com os outro e com toda a criação - e que contribuem para estarmos mais conscientes do que somos em tudo o que fazemos. Contribuem, por isso, para que o amor se espalhe pelo mundo.
Ter compaixão, lutar pela justiça, agradecer, contemplar as maravilhas de um lugar, ser paciente, despojar-se, pacificar, não usar violência, perdoar aos outros e a nós próprios são exemplos de atitudes que, ao serem praticadas, nos fazem crescer espiritualmente"

Saturday, October 01, 2005

ESPIRITUALIDADE/RELIGIOSIDADE 2

Conforme prometi, aqui vai a segunda parte do texto da Maria José Costa Félix:
"Ama e faz o que quiseres". Há quem diga que são tempos dificeis, estes em que vivemos. Há, porém, um sentido para o caminho que nos compete percorrer - o único por onde cada um poderá descobrir a luz e o amor sem fim. Para avançarmos, temos, por vezes, de nos sentir sozinhos, desacompanhados, inseguros, incompreendidos, injustiçados...Sempre que recusamos enfrentar essas dificuldades, ficamos retidos num buraco em vez de avançar. E há quem, durante toda a sua vida, opte por não reparar como esse buraco se vai alargando.
Durante um período de tempo - que, no entanto acaba sempre por chegar ao fim - talvez consigamos viver convencidos de que nos bastam o brilho ilusório e os relacionamentos artificiais que a matéria proporciona. Contudo, no decorrer da vida terena há sempre momentos em que nos aparece pela frente o buraco que fomos construindo ao afastar-nos do que somos ao nível da essência.
Onde está o poder, a glória, a riqueza que julgávamos ter conquistado? Onde estão aqueles que, porque nos adulavam, considerávamos amigos? Por muito que os tenhamos negado, esses momentos em que a batota deixa de nos ser permitida, sentimos que a única coisa que, na realidade temos, é um grande vazio.
Há quem opte por se convencer de que viver na ilusão é quanto basta para ser feliz e gaste todas as suas energias para evitar esses momentos de verdade. E, apenas no derradeiro instante - o da sua morte - sente, no fundo de si mesmo, a inutilidade de todas as guerras e vitórias, todos os sucessos e ganhos no campo material. Quem tenha posto, priotitariamente aí o seu coração apercebe-se, nessa altura de que se esqueceu do mais importante: de amar. E, perdeu a sua vida.
A continuar...