"Era uma vez um homem guloso que estava num mercado a comprar bombons. Viu uns vermelhos, lindos, embora caros. Comprou um saquinho deles e foi-se instalar à sombra duma árvore a apreciá-los. Ao trincar o primeiro, começou a espirrar, a transpirar e a chorar. Pegou no resto do bombom e levou-o também até à boca. E continuou a transpirar, a chorar. Ao cabo de dois bombons inteiros , já deitado no chão e em liquefação, viu aproximar-se dele um homem que lhe disse preocupado:
- O que o senhor está a comer são malaguetas! devem ser comidas com parcimónia!
- Pensava que eram bombons... respondeu-lhe.
- Mas agora, que já percebeu que eram malaguetas, pare de as comer!
- Depois de ter pago tanto dinheiro por elas? Nem pensar. Tenho de as comer todas.
Às vezes, as crenças que transportamos connosco só nos fazem sofrer. Não são boas para nós. Mas, pôr em questão dez, vinte, trinta ou mais anos de experiência e de crenças, parece ser tão difícil como era para aquele senhor deitar para o lixo um saco ainda cheio de malaguetas tão caro."