GENTE QUE QUER CRESCER

Thursday, March 23, 2006

CORPO E CONSCIÊNCIA

Embora os textos que publiquei sobre o CORPO não tenham suscitado comentários, vou continuar com este tema. Primeiro porque me é um tema caro, segundo porque alguém mo pediu e terceiro porque creio que é necessário, sobretudo para quem está numa dinâmica de crescimento, começar a desenvolver uma consciência de sincronicidade entre o corpo físico e o corpo de memórias. Que registou o meu corpo? Com que linguagem exprime esse registo?
A propósito, quem me pediu para continuar com este tema e falar de mais sinais, perguntava-me por onde começar o trabalho. Se pelo corpo físico, se pelo corpo...espiritual, digamos. Eu diria que os dois vão de parceria, e que não se pode trabalhar um e descurar o outro. Vem-me o dito bem velhinho: "alma sã em corpo são", que continua tão válido como há milénios. Começar POR DENTRO, sim. Limpar a alma. Se esta estiver limpa, o corpo resplandece e pede aquilo de que precisa.
Neste percorrer os sinais que o corpo envia sigo de perto um autor que aprecio muito, Jean-Yves Leloup no seu livro "O Corpo e os seus Símbolos", ed. Vozes. Jean-Yves começa por fazer um paralelo entre Corpo e Consciência, da seguinte forma:
Pés - Consciência matricial
Joelhos - Consciência oral
Sacro-genitais - Consciência anal e genital
Ventre - Consciência familiar
Coração - Consciência social
Ombros - Consciência autónoma
Cabeça - Resumo do corpo
É um registo que me parece interessante e, quem quiser começar a trabalhar, vá percebendo como se sente, ou como sente o seu corpo a estes diversos níveis.

Sunday, March 19, 2006

NÓS E O NOSSO CORPO 2

Antes de mais, quero pedir desculpa aos meus leitores pelos erros do último texto. Consequência da minha falta de presença ao que estou a fazer. Se tivesse relido, teria saído mais correcto. As minhas desculpas. Prometo ser mais cuidadosa, entenda-se " mais presente".
E se esse testo não teve ainda comentários legíveis no Blog, houve um comentário via e-mail que me pedia a continuação deste tema. Fala a RV das "suas amigdalites" feitas não sei quantas por ano, num tempo em que as palavras eram retidas por impossibilidade de virem cá para fora e serem entendidas. E pedia exemplos de outros sinais. Virão nos próximos dias e semanas.
Dizia Wilhem Reich: "O corpo, é o inconsciente visível". E continua Roberto Crema, comentando este dito: "É (o corpo) o nosso texto mais concreto, a nossa mensagem mais primordial, a escritura de argila que somos. É também o templo onde outras escrituras mais subtis se abrigam".
Continuemos então atentos a esta escritura de argila, onde tudo foi e continua a ser gravado.

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

(Fernando Pessoa)

Friday, March 17, 2006

NÓS E O NOSSO CORPO

No último encontro de AT falámos um pouco do nosso corpo e da necessidade de ciudar dele. Ele é a condição "sine qua non", diziamos. Não temos outra forma de nos comunicarmos senão através do nosso corpo. E é importante olhar para ele carinhosamente, dar-lhe aquele que ele precisa e que às vezes pede em altos gritos. Estou a pensar nos nossos cansaços...no nosso corre-corre, nas nossas refeições rápidas, feitas de não importa de quê, das nossas dores físicas e dos "comprimidos" para as aliviar, das insónias e mais comprimif«dos para dormir, e também dos abusos quer a nível de comida quer de bebida. Coitado do nosso corpo...Como nos vai suportanto! Quanta coisa nos vai suportando! Estou a pensar em várias coisas ao mesmo tempo, de tal forma que, para não sobrecarregar o Blog com textos muito compridos, vou continuar com esta conversa sobre o corpo por mais umas semanas...
S. Francisco de Assis, na hora da sua morte, sentiu necessidade de perdir perdão ao "irmão corpo" pelo facto de o ter tratado tão mal. Talvez alguns de nós já tenham sentido também essa necessidade.
Transcrevo um peque texto de Novalis, para nos ajudarmos na nossa meditação sobre a forma como vamos lidando com o nosso corpo.
"Não existe senão um só templo no Universo, e é o Corpo do Homem. (...) Curvar-se diante do homem é um acto de reverência diante desta Revelação da Carne. Tocamos o Céu quando colocamos nossas mãos num corpo humano."

Saturday, March 11, 2006

COMPANHEIROS DE VIAGEM

Há dias, num pequeno grupo de crescimento pessoal onde se vai aprendendo a SER, falávamos em relações afectivos e mapa afectivo. Durante a nossa caminhada, e à medida que vamos tomando consciência da nossa interioridade, vamo-nos apercebendo de que nos cruzamos com pessoas que encaixam na nossa forma de estar no mundo. É como se vissem as coisas com a mesma luz com que nós as vemos. Com elas, a nossa palavra liberta-se. Sentimo-nos a crescer, dinamizados e criativos. È como se pertencessemos ao mesmo grupo, ao mesmo "cacho". Há mesmo quem afirme que as pessoas são criados "em cacho", e que é importante descobrirmos as do nosso cacho. Esta, é uma expressão que me é muito cara.
Nem de propósito, na revista Xis desta semana, Maria José Félix traz um artigo com o título acima: "Companheiros de viagem". Transcrevo apenas um pedacinho:
"Companheiros de viagem são aquelas pessoas nas quais, ao nos encontrarmos, sentimos um olhar semelhante para o que nos rodeia e acontece à nossa volta. Uma espécie de corrente que, ao fazer nascer algo entre nós para além das roupagens de cada um, nos confirma na forma como respiramos. (...) Sem nenhum de nós abdicar de nada, que lhe seja importante, aquilo que em cada momento tem para dar ao outro, sempre por ele é acolhido e aproveitado. E o intercâmbio afectivo que entre ambos assim acontece - ao sabor das oscilações da vida individual e colectiva - vai-se desenvolvendo para lá dos episódios que constituem a espuma da história de cada um."

Friday, March 03, 2006

O GUERREIRO

Uma das coisas que me seduz na UNIPAZ é a sua transdisciplinaridade. É o pôr-nos em contacto com as mais diversas correntes das modernas psicologias humanistas e com as mais recentes formas de terapia. Entra também no programa da UNIPAZ (Universidade Internacional para a Paz) o estudo das diversas Tradições espirituais, nas suas formas mais ancestrais. No último seminário fomos conduzidas à tradição espiritual xamânica. É interessante constactar como, na sua essência, as diversas tradiões se encontram - o convite à evolução, a tomada de consciência da nossa riqueza interior, a nossa ligação ao Todo, a autodisciplina, o amor ao outro, toda uma sabedoria e arte de viver estão aí presentes, tocando a própria natureza do ser Humano, um ser feito para a infinitude e insatisfeito até lá chegar.
Então, aqui fica um bocadinho da sabedoria xamânica:
"Um guerreiro nunca se sente cercado. Estar cercado implica que alguém tem bens pessoais que podem ser bloqueados. Um guerreiro nada possui no mundo, além da sua impecabilidade, e a impecabilidade não pode ser ameaçada".
(Carlos Castaneda em "A Roda do Tempo")

Vem-me outra voz, a de Jesus:
"Não acumuleis tesouros na terra onde a ferrugem e a traça os corroem e os ladrões arrombam os muros afim de os roubar. Acumulai tesouros no céu onde nem a traça nem a ferrugem os corroem, nem os ladrões arrombam os muros para os roubar. Porque, onde estiver o teu tesouro, aí está o teu coração".