GENTE QUE QUER CRESCER

Thursday, June 30, 2005

CUIDAR...

Há já uns dias que não escrevo nada neste nosso Blog. E, como na próxima semana vou estar ausente, não queria deixar o que vai sendo um pouco o nosso diário comum, sem alguma renovação. Há muita coisa que poderia colocar aqui. Passam-me pela mente (e pelo coração) conversas-escutas dos últimos dias: dores, sofrimentos, angústias, ansiedades, mas também sonhos, aspirações, desejos de vidas mais plenas, satisfações propfundas de caminhos percorridos... Um "bouquet" de flores variadas e lindas que ofereço a Deus, à Vida, ao Cosmos para que tudo seja aceite e transformado...em VIDA, em mais VIDA. E que eu saiba CUIDAR, fazer crescer, dinamizar. E sobre esta coisa tão bonita que é o "cuidar", abrindo ao acaso um livro, veio-me este texto que partilho convosco:
"Cuidar, é ajudar o outro a viver o que ele tem de viver. Não é impedi-lo disso, nem tentar poupá-lo a um sofrimento que está no seu caminho, minimizando-o (Não é assim tão mau, não penses nisso, vem distrair-te) ou carregando com o seu peso (A culpa é minha, não devia ter feito isso, vou fazer isto ou aquilo por ele), é sim ajudá-lo a enfrentar a sua dificuldade, a mergulhar no seu sofrimento, para dele se poder libertar, com a consciência de que esse caminho só ao outro pertence e que ninguém o poderá percorrer no seu lugar. Cuidar é dar toda a nossa atenção à faculdade, existente no outro, de curar o seu próprio sofrimento ou de resolver a sua própria dificuldade, bem mais do que lhe levar uma cura. É confiar que o outro dispõe de todos os recursos necessários para resolver a situação se for capaz de se escutar ou de ser escutado no sítio certo."
(Em Seja Verdadeiro, de Thomas d'Ansembourg, ed. Ésquilo, p.161)

Tuesday, June 21, 2005

LER

"Ler rapidamente aquilo que o autor levou anos para pensar é um desrespeito. É certo que os pensamentos, por vezes, surgem rapidamente, como num relâmpago. Mas, a gravidez foi longa. Há frases que resumem uma vida. Por isso, é preciso ler vagarosamente, prestando atenção às ideias que se escondem nos silêncios que há entre as palavras. Eu gostaria que me lessem assim. Quer eu escreva como um poeta, no esforço para mostrar a beleza, ou como palhaço, no esforço para mostrar o ridículo, é sempre a minha carne que se encontra nas minhas palavras."
(Ruben Alves em "O Presente")
"Eu gostaria que me lessem assim". Eu também. Também gostaria que me lessem assim e gostaria de saber ler sempre assim. Quantas vezes corremos sobre o que lemos sem deixar tempo para que cada palavra vá entrando em nós como chuva miudinha que, lentamente, vai abrindo sulcos. Somos seduzidos pelo afã da novidade. E só é novidade aquilo que gera novidade.
Se ao fim de ler um texto eu consigo criar a partir do que li, então eu mastiguei, engoli, transformei e...transformei-me. Que ecos?

Tuesday, June 14, 2005

EUGÉNIO DE ANDRADE

Em honra deste poeta que nos deixou, algumas das suas palavras:

"Somos folhas breves onde dormem
aves de sombra e solidão.
Somos só folhas e o seu rumor.
Inseguros, incapazes de ser flor,
até a brisa nos perturba e faz tremer.
Por isso a cada gesto que fazemos
cada ave se transforma noutro ser".

APRENDER A FELICIDADE

"A felicidade está ao alcance de qualquer um de nós....(...)muito poucos são os que conseguem chegar a um estado razoavelamnte feliz. A grande maioria de nós sofre ou vive insatisfeita (...)
Henrique Rojas, filósofo contemporâneo espanhol, autor do livro "Uma teoria da Feliciddade"
assegura que a chave para atingir a felicidade não no sentido de a "agarrar" mas de a conquistar a par e passo, implica duas condiões fundamentais: em primeiro lugar, desenvolver uma personalidade equilibrada e uma atitude mental positiva, no sentido de promover um verdadeiro encontro connosco próprios. Em segundo, ter um projecto de vida coerente, que nos projecte positivamente no futuro e funcione como um estímulo e uma esperança renovada no dia de àmanhã."
(Artigo de Ana Vieira de Castro em a Xis de sábado, 11 de Junho)

É só um bocadinho de um texto sobre a felicidade que encontrei na Xis de sábado passado. Aconselho vivamente que procurem esse texto e que o leiam na sua totalidade. É muito rico.

Tuesday, June 07, 2005

ESPIRITUALIDADE

Apesar dos poucos comentários que vão aparecendo, este meu e nosso espaço continua a ser o lugar onde vou deixando transvasar um pouco da vida que fervilha cá por dentro. Hoje, e na sequência de um texto de um querido amigo, apetece-me reflectir sobre este tema da ESPIRITUALIDADE. Alguns, algumas estão, concerteza a perguntar-se: mas o que é isso de ESPIRITUALIDADE? A pergunta é um começo. Creio que é mesmo por aí que temos de começar.
Para mim, a espiritualidade tem a ver com a forma com que me relaciono com as coisas, com as pessoas, com a forma como capto o seu mistério, o sentido mais profundo do seu ser. Tem a ver também com a abertura a uma transcendência e, quando aí chego, à trancendência, já estou a mergulhar naquele que é o MISTÉRIO por excelência, estou a mergulhar no totalmente outro, no TODO que tudo contém.
O passo seguinte é perguntar-me qual é a minha espiritualidade? Como a defino? Como a vivo?
Que lugar tem na minha vida?
Tenho vontade de começãr pela resposta à última pergunta: a espiritualidade tem hoje um lugar primeiro e totalizante na minha vida. Ela canaliza todos os meus pensamentos e todo o meu agir. Posso dizer que todo o meu ser está voltado para captar, embora de uma forma imperfeita e limitada, esse mistério escondido na profundidade das coisas. e dos seres. Desde a mais pequenina flor, até às mais frondosas árvores que vão buscar longe a seiva que as alimenta e sustenta, desde a estrela mais lomgínqua até ao grande sol que nos ilumina e aquece, tudo, para mim, vai sendo manifestação do grande SER.
A minha espiritualidade é uma espiritualidade em comunhão com o mais íntimi do meu ser aí, onde eu sou eu, no meu próprio e insondável mistério. É daí que posso abrir-me a todos os homens, de todos os credos, de todas as raças de todas as nações. O homem... o rosto imagem do TOTALMENTE OUTRO, esse que ama, que chora, que ri, que se alegra, que sofre, que luta...Esse é o mistério que me chama e diante do qual me sinto em adoração. Esse é o ROSTO que me abre ao OUTRO, por excelência, a DEUS.
E Deus, quem é hoje o meu Deus? O meu Deus tem um nome: chama-se "EU SOU". Eu estou e estarei contigo. O meu Deus é essa grande PRESENÇA sempre presente. O meu Deus é o Deus que se foi revelando e condinua a revelar nos meandros da minha vida, como se revelou, ao longo da História nos acontecimentos que a foram tecendo. O meu Deus é um Deus que tem um rosto: JESUS CRISTO. Aquele que vive e se alegra com os êxitos dos homens e de cada homem, aquele que sofre e luta em cada um. Em cada homem e em cada mulher. Ele está presente aí, desejando e lutando pela libertação de todos os espaços que ainda sofrem, no dizer de S.Paulo "as dores de parto" para lá chegarem. Estes vão sendo hoje os caminhos da minha
espiritualidade.
Ontem fui ver um filme "A Intérprete" que anda à volta do martírio dos povos africanos nas suas lutas tribais, muitas vezes joguetes dos poderosos deste mundo. Sofri realmente. E só me faço a pergunta de sempre: Como é possível? Sim, como é possível que a Humanidade fique impassível perante sofrimentos de tão grande dimensão? Poderão dizer: É só um filme...Não me pareceu que estivesse assim tão longe da realidade que os noticiários nos trazem no dia-a-dia.

Friday, June 03, 2005

ACEITAR as imperfeições

Ainda na linha do último texto que publiquei, não resisto a deixar aqui mais um bocadinho de Maria José Costa Félix, em a Xis de sábado passado. Então aí vai para todos quantos(as) ainda obedecem à Palavra de Ordem "Sê Perfeito".

"Desde o momento do nascimento aprendemos que, para sermos amados, temos de agradar aos outros. Ser perfeito. Ter certezas. Não fracassar. Mas, enquanto não aceitarmos as nossas imperfeições e fraquezas e os nossos erros, criamos máscaras com que disfarçamos as feridas provocadas pela dor primeira - onde se inicia o caminho em direcção ao encontro consciente com aquilo que realmente somos. E o que então acontece é chamarmos realidade ao que não passa de ilusão (....)
Não é negando as nossas imperfeições que nos aproximamos da perfeição, mas sim aceitando-as. Pretender ser perfeito é uma atitude de orgulho. É não aceitar que só através de experiências de erro e de percorrida toda uma caminhada terrena - cuja extensão e cujas circunstâncias não são por nós determinadas - é que vamos, por nós mesmos, podendo acolher a luz do amor sem fim que continuamente nos recebe sem nos julgar."

Wednesday, June 01, 2005

FERIDAS que aprendemos a disfarçar

Sobretudo para os mais impacientes, aqui vai uma pequena pérola de sabedoria da Maria José Costa Félix, na Xis de 14 de Maio:

"O verdadeiro poder não se encontra fora de nós, mas sim no nosso interior. E é mergulhando em nós mesmos que vamos sabendo quem, afinal, somos. Viver, é tomar consciência disso.
Experimentar para evoluir. Ir fazendo esta aprendizagem implica não nos relacionarmos connosco próprios nem com os outros na base da culpa, do julgamento. Envolve aceitar que aspiramos ao bem, à perfeição, etc.., mas que temos direito a errar, quantas vezes for preciso, até lá chegarmos. Porque, entretanto, há todo um caminho a percorrer - sabe-se lá de que tamanho e com quantos desvios - durante o qual teremos de ir tomando consciência de uma série de feridas e de máscaras que criámos para evitar entrar em contacto com elas. Máscaras tanto mais resistentes quanto mais profundas forem as feridas".

Valeu?