HUMILDADE

"Cantam as rãs e os grilos na noite:

se não abrires o teu coração,

poderás ouvir, mas nunca escutar o seu canto.

Escutar, é um dom do coração humilde.

Nunca poderás ver a flor que olhas

se não abrires o teu coração.

Ver a essência para além da aparência

é um dom do coração humilde.

Nunca poderás sentir no teu interior aquilo que tocas

se não abrires o teu coração.

Sentir, é um dom do coração humilde.

Só a vulnerável e frágil flor exprime,

no seu perfume e na sua cor,

a bela alquimia da união da Terra e Sol.

Só o fruto que se desprende do ramo

pode revelar, na sua branda textura

a madureza da sua doçura.

Só quando estiveres à beira das lágrimas

terás acesso à fonte interior da ternura.

Só quando aceitares morrer na semente

poderás germinar para o mistério luminoso da terra escura.

A humildade é uma semente,

que não se pretende flor e não se sabe fruto,

mas encerra no seu interior

toda a potência que o sol amadureceu no sulco.

(Jorge Carvajal, em "Por los senderos del alma" - tradução livre)

VIDA/ALEGRIA

Com a Primavera aí, a espreitar e a rebentar por todos os poros, apetece o sol, o céu azul o canto dos pássaros que, logo de manhã insistem em nos fazer sair da cama! Apetece o ar livre. Apetece soltar a vida talvez aprisionada durante os longos meses de invernia. Então, demos-lhe asas. Demos asas a esta vida e alegria aprisionada para que ela saia da gaiola e nos inunde.

"A alegria é um pássaro que só vem quando quer.

O máximo que podemos fazer é quebrar todas as gaiolas e cantar

uma canção de amor, na esperança e que ela nos oiça".

(Ruben Alves)

Então, soltemos essa canção de amor e chamemos bem alto pe alegria que a natureza já canta.

DEPENDÊNCIA ...ainda

Só mais umas achegas sobre esta questão da dependência. É que não basta estarmos conscientes dos nossos funcionamentos de "codependentes". É urgente tratar dos meios de saltar fora. Como curar? Já ficaram aqui as 12 promessas. Será útil repeti-las dia-a-dia e, se necessário, várias vezes ao dia. Entretanto, ainda segundo Robin Norwood, há dez passos que, seguidos à risca, levam ao êxito da recuperação. São eles:

1. Procure ajuda
2. Faça da recuperação a prioridade da sua vida
3. Descubra um grupo de apoio de pessoas em situação semelhante que a possam compreender
4. Desenvolva a sua espiritualidade através de uma prática diária.
5. Deixe de gerir e controlar as pessoas à sua volta.
6. Aprenda a não se deixar "apanhar" pelos jogos.
7. Enfrente corajosamente os seus próprios problemas e limitações.
8. Trabalhe tudo quanto precisa de ser desenvolvido dentro de si.
9. Torne-se "egoísta".
10. Partilhe com outros a sua experiência e a sua aprendizagem.

"Uma pesoa capaz de amar de forma produtiva, também se ama a si mesma; uma pessoa que apenas ama os outros, é incapaz de amar" (Erich Fromm, em A Arte de Amar)

DEPENDÊNCIA II

Continuando a nossa conversa sobre dependência, co-dependência...Há hoje grupos que querem ajudar as pessoas que se encontram nesta situação de dependências a recuperar-se com a brevidade possível.O grande problema passa sempre pela falta de auto-estima e de confiança em si próprio/a. Por isso, são necessárias "bengalas"... Sendo assim, o grupo ajuda a pessoa a recuperar essa confiança primordial em si própria. Para ajudar, há as "Doze promessas dos CoDa". Aí vão elas:

1. Reconheço que não estou só e que os meus sentimentos de vazio e solidão vão desaparecer.

2. Não sou controlado/a pelos meus medos. Eu supero os meus medos e ajo com coragem, integridade e dignidade.

3. Experimento uma nova liberdade.

4. Liberto-me da preocupação, da culpa e da lamentação quanto ao meu passado e ao meu presente. Mantenho-me suficientemente atento/atenta para não repetir.

5. Experimento um novo amor e uma nova aceitação de mim mesma e pelos demais. Sinto-me genuinamente merecedora de ser amada.

6. Aprendo a ver-me igual aos outros. As minhas novas e renovadas relações são baseadas na igualdade de ambas as partes.

7. Sou capaz de desenvolver relações saudáveis e amorosas. A necessidade de manipular e controlar os outros desaparecerá na medida em que eu aprenda a confiar nas pessoas dignas de confiança.

8. Aprendo que é posssível recuperar-me e converter-me numa pessoa mais amorosa, mais íntima e capaz de oferecer apoio apropriado. Tenho a escolha de me comunicar com a minha família de uma maneira segura para mim e respeitosa para eles.

9. Reconheço que sou uma criação única e poderosa.

10. Não dependo unicamente dos demais para me poder sentir valiosa.

11. Tenho confiança de que o meu Poder Superior me guia e acredito nas minhas próprias capacidades.

12. Experimento gradualmente na minha vida a SERENIDADE, a FORÇA INTERIOR e o CRESCIMENTO ESPIRITUAL.

A nossa mente vai registando aquilo que lhe dizemos. Assim, repetindo estes princípios, esta "oração", todos os dias, ou sempre que queiramos, a nosse forma de pensar sobre nós e a nossa maneira de nos relacionarmos irão mudando aos pouquinhos. E começaremos a desfrutar a paz que tanto queremos.

DEPENDÊNCIA/S

Por circunstâncias várias, tenho andado ultimamente a debruçar-me sobre este tema da dependência e dos seus efeitos. Quando não estamos interiormente estruturados, quando a confiança que temos em nós próprios/as e a auto-estima é reduzida, precisamos de "bengalas" para nos mantermos à tona na vida. É penoso, até porque, normalmente as pessoas que precisam destas bengalas têm consciência disso...Só que não conseguem sair do círculo vicioso em que cairam. Não conseguem deixar as "bengalas". E dependência tanto pode ser da droga, como do cigarro (outra droga), café, comprimidos, e...pessoas.

Há um tipo de dependência da qual as mulheres são particularmente vítimas. O seu instinto maternal aliado a uma falta de carinho, valorização e apreço dos primeiros anos da existência fazem com que, com muita frequência elas se arvorem em salvadoras de toda a gente, particularmente "deles". E são relacões atrás de relações, são amores sofridos, são depressões...é o desinteresse pela vida e toda uma série de perturbações e conflitos que acompanham o finalizar de cada relação. E é o desânimo e a decepção pela repetição de padrões, pela incapacidade de saltat fora de mais uma.´

Remédios? Uma grande coragem e uma grande força de vontade para os procurar (remédios). Eles passam nornalmente por um terapia, por leituras, buscas, um grupo e outros...

"Quando amar é sinónimo de sofrer, estamos a amar demais. Quando grande parte das nossas conversas com amigos íntimos são sobre ele, os seus problemas, o que ele pensa, o que ele sente - e praticamente todas as nossas frases começam por "ele"- estamos a amar demais".

Esta é uma frase de Robin Norwood no prefácio do seu livro "Mulheres que amam demais".

Então, hoje, eu queria deixar aqui uma mensagem de esperança para todas as mulheres que amam demais. É possível sair desta situação que mais mata do que ajuda a viver. É possível recuperar a auto-estima perdida nalgum sítio da nossa história pessoal. É possível sermos nós próprias sem necessitar de bengalas. É possível caminhar pelos nossos própros pés. "Tudo é possível àquele que crê". Primeiro passo: ACREDITAR. E os passos restantes: acreditar...sempre!

MULHER

Como poderia eu deixar passar em branco este dia em que celebramos o dia da luta das mulheres pelos seus direitos? O DIA DA MULHER...desses seres que caminham pela vida, dando vida, amando e sofrendo, sofrendo e amando, lutando por um lugar ao sol...divas e escravas...passeando entre os homens os seus silêncios e os seus mistérios! Não sou muito dada à celebração "dos dias" disto e daquilo. Mas, sinto-me particularmente sensível à celebração do Dia da Mulher.

Há dias, visitando uma exposição especialmente dedicada à mulher, encontrei um desdobrável com a história deste dia. Reza a história que, "no dia 8 de Março de 1857 as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. As mulheres foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declara um incêndio e, cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulhreres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres assinalar o 8 de Março como o "Dia Internacional da Mulher".

Em homenagem a todas quantas continuam esta luta por serem elas mesmas e pelos seus direitos, partilho ainda convosco um poema de Pablo Neruda que me chegou hoje:
"Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
Elas riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo em que acreditam.
Elas levantam-se contra a injustiça.
Elas não aceitam "não" como resposta
Quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para que suas crianças possam tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando as suas crianças adoecem
E alegram-se quando as suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem
Sobre um aniversário ou um novo casamento.
(Pablo de Neruda)

E mais, muito mais, poderíamos dizer sobre a mulher a a sua presença na vida. Nesta presença muito própria, o desafio que se nos impõe é ser MULHER e apenas mulher.