GENTE QUE QUER CRESCER

Monday, January 02, 2017

ÁFRICA

Da cidade do Cabo subimos na direção de Joanesburgo. Foram 20 horas de autocarro noite dentro, parando de vez em quando para reativar as pernas, aquecer e restaurar forças numa das estações de serviço que servem a linha, por sinal muito bem equipadas. Em princípio este troço da viagem deveria ter sido feito de comboio, segundo dizem, um muito bom comboio. Só que, uns dias antes da nossa viagem alguém reservou o comboio, não sabemos quem nem para quê. Não foi assim tão mau, pois o autocarro era bastante confortável. A mim incomodou-me sobretudo o frio.
Pela manhã chegamos então a Joanesburgo. O carro que já devia estar à nossa espera atrasou e foi preciso esperar na estação umas horas pela sua chegada. Aproveitamos para repor o que faltava ao nosso organismo depois de todo aquele tempo de viagem: comida e sono.
Nesta cidade ficamos alojados numa Guest House simpática, com um pequeno jardim e uma piscina. O tempo não estava suficientemente quente pata piscina mas o jardim deu para apanhar um pouco de sol e para fazermos um barbecue num dos jantares durante o qual tivemos a visita e um primo do Mateus, o nosso guia, e da sua simpática mulher. Neste dia do barbecue tínhamos visitado o Soweto, o bairro onde nasceu e viveu algum tempo o grande líder africano Nelson Mandela. Foi uma visita simpática que deu para perceber a extensão deste bairro e a qualidade de vida que aí se vive - zonas já com uma certa qualidade de habitabilidade, mas a grande maioria bem degradada como em qualquer outro bairro das zonas limítrofes das grandes cidade. Este, que começou por ser um pequeno gueto, tem hoje cerca de três milhões de habitantes.  Almoçamos neste Bairro num Centro Comunitário que tenta elevar o nível de vida das pessoas. Alguns, poucos, percorreram o Bairo de bicicleta. Os outros fomos de carro. Impressionante foi também nesta cidade a visita à cadeia onde esteve Mandela - o Constitutivo Hill, onde me impressionou sobretudo o "sofisticado" esquema do apartheid com uma requintada separação das zonas dos dormitórios reservados para brancos, mestiços, indianos e negros; da mesma forma, e aqui é o requinte total, a quantidade  de comida (em gramas) e a qualidade para cada uma destas raças! Impressionante também o Museu do Apartheid, um lição fantástica sobre um período negro da história da África do Sul.
De Johanesburgo, seguimos para Bulawaio, já no Zimbábuè.

Tuesday, November 22, 2016

ÁFRICA


Continuo a reviver a minha viagem a África. Dentro de mim continua uma corrente imparável de imagens, qual filme policromado num incessante rodar. A beleza e a grandiosidade das imagens do Cabo, da cidade do Cabo. A lembrar o Rio de Janeiro. Toda ela cercada de montanhas. Cidade que se espraia por entre morros escarpados. O "fio" que nos suspende no ar e em breves minutos nos coloca lá bem em cima na Table Mountain, a 1100 metros de altitude. Lá em cima, uma imensa "mesa" onde podes passear à vontade e desfrutar de vistas impressionantes sobre a Cidade. O frio é gélido, o sol escondeu-se, e o chocolatinho  quente é mesmo bem vindo e reconforta a alma e o corpo. A "Table" tem uma vegetação muito própria onde predomina a "protea", a flor da África do sul. Também pássaros e outros animais específicos desta altitude se passeiam por ali. Na descida é de nem sequer pensar em fechar os olhos, porque tudo é muito bonito e é difícil abarcar toda aquela beleza.

E as imagens continuam. Ao fim da tarde é o fervilhar da cidade, o regresso do trabalho...depois, a cidade noturna com as ruas, bares, restaurantes completamente esgotados. Juventude, sim muitos jovens. As luzes, o barulho, a música...lembra os centros das grandes cidades europeias em dia de sexta ou sábado à noite. Mas, estamos numa quarta ou quinta feira!
Depois, vem o momento tão esperado de visitar a Hoben Island onde Nelson Mandela, passou 27 anos da sua vida. Só que, para nossa grande frustração, quando já nos dirigíamos para o barco, foi anunciada a impossibilidade de partida do barco devido ao mau tempo. E foi com pesar que alteramos o programa e continuamos a nossa volta pela cidade.
Mas o Cabo não é apenas este bulício, esta maravilha esta sensação de que aqui não falta mesmo nada. Estamos numa cidade cosmopolita. Não, lá ao longe estão os "bairros "como em qualquer grande cidade sobretudo nos países menos desenvolvidos. Os bairros, que são iguais em toda a parte. Ruelas estreitas, casas/barracas umas em cima das outras, lixo, esgotos a céu aberto, onde a pobreza continua a ser a nota dominante. Aqui não visitamos nenhum, mas iremos fazê-lo mais longe, em Joanesburgo.

Thursday, November 10, 2016

Já nem me lembro quando foi a última vez que entrei neste meu Blog, já tão velhinho. O certo é que me faltava a motivação. Simplesmente, não tinha nada que escrever. Não tinha inspiração...

Parece que, desta vez ela chegou com a minha viagem a África. Do Cabo a Zanzibar, assim se chamava a viagem. E assim foi. O grupo era composto por 12 pessoas mais o Guia, o Mateus, conhecedor de todas esta zona e Líder competente.
Antes de partir, muita gente me dizia e me dizem normalmente quando me vêm partir para uma viagem de aventura: "Tens muita coragem. Eu não era capaz...". Eu, assim como outros que partem em viagens de aventura, não sentimos isso como coragem. Sinto apenas a obediência a um impulso interior que me empurra para aí, sem me fazer  demasiadas perguntas sobre eventuais perigos ou problemas.  Depois, perguntei-me: "O que é então a coragem". Encontrei como definição (a minha), como sendo a capacidade de enfrentar o desconhecido e/ou potencialmente perigoso, com determinação, sem se deixar intimidar por possíveis dificuldades. Fui ainda ao dicionário e batia certo. Creio que são os outros que, olhando para nós e não se sentindo capazes de fazer o mesmo, nos apelidam de "corajosos". Não, é apenas a força interior que nos empurra, sem termos de recorrer a alguma coisa extraordinária para além disso.

Cheguei, então de África, a África dos meus sonhos de jovem, a África a quem dei cerca de 20 anos das minhas energias numa total gratuidade. Visitei uma parte de África que não conhecia, mas cujos problemas vivi muito de perto nos longínquos anos das independências. Eu tinha vivido em Moçambique e agora atravessei a África do Sul, o Zimbabwe, a Zâmbia e a Tanzânia, países com que Moçambique faz fronteira. Foram dias de "revisitar", foram imagens que voltaram ou vieram pela primeira vez cheias de significado. (continua)

Friday, July 03, 2015

TRIUNFAR

"Deixar o mundo um pouco melhor do que o encontraste (...), ter brincado e rido com entusiasmo e ter cantado com paixão, sabendo que alguma vida respirou melhor porque tu viveste, isso, é ter triunfado". (Ralph Emerson)

Sunday, December 07, 2014

EMOÇÕES

Hoje, apetece-me refletir sobre a facilidade com que, de um momento para o outro, podemos perder a paz de espírito e ficar, mais ou menos prisioneiro das nossas emoções. Basta um pequeno contratempo, basta que as coisas não corram exatamente como queríamos, para logo nos perturbarmos e ficar a matutar no que provocou a nossa alteração de humor. Precisamos daquela imperturbabilidade budista que fica alheia a toda e qualquer emoção, como se elas não existissem. Bem, isso é o que nós os Ocidentais pensamos sobre budismo e congéneres. Pessoalmente, já vi alguns bem irritados...
É um facto que as emoções estão aí. Fazem parte de nós. aprender a viver com elas e com as suas alterações, as suas movimentações, faz parte do nosso crescimento interior.

Wednesday, December 03, 2014

OCUPAR O TEMPO?

Ontem escrevia sobre o comentário de alguém às minhas atividades: "É bom ter o tempo ocupado"- dizia esse alguém. E escrevi também que isso me provocava desconforto. Diz-me a experiência e a observação que fazer seja o que for apenas para ocupar o tempo não traz satisfação nem realização pessoal. Precisamos de nos sentir úteis com aquilo que fazemos. Precisamos de ter um objetivo. Fazer coisas apenas para estar ocupado não chega.
Lembro-me de alguém (que por acaso é minha irmã), que aos 92 anos, no dia a seguir ao Natal (com um pouco de exagero), começa a pensar nas prendas do próximo ano. E o certo é que toda a gente, no Natal, tem uma prenda dela. Uma peça de renda ou de lã, toda a gente recebe alguma coisa. Isto é trabalhar com objetivo, ainda que seja apenas este: fazer alguma coisa para dar prazer a alguém. E isso não tem idade.
É estabelecendo pequenos ou grandes objetivos que despertamos a vida em nós e crescemos. Se, claro, trabalharmos para os alcançar.
Quais são, hoje, os seus objetivos de vida? Para este dia, para esta semana, para a sua vida...

Tuesday, December 02, 2014

VIVENDO

Tenho andado a tentar criar uma certa ordem e rotina diária na minha vida. Entre elas, ativar este Blog. Rotina...que não se identifique com automatismos. Trata-se de uma rotina mais ou menos conscientes. Como  gostaria eu que fosse o meu dia?  A maior pate das vezes até sigo este percurso, outras vezes descuido-me.
Então, é assim a minha rotina diária (desejável): Não me levanto nem muito cedo, nem muito tarde. 7.30-800h é a minha hora habitual de me levantar. Depois, tomo o meu pequeno almoço, normalmente tipo pequeno almoço de hotel: substancial e demorado. Seguem-se os cuidados higiénicos normais e arranjo do que ficou em desordem com estes trabalhos (cuidados da casa). Como sou cristã-católica também penso diariamente na minha relação com Deus e dou-lhe um pouco do meu tempo. Segue-se uma caminhada que tento seja de mais ou menos uma hora. Um pouco de descanso e...vão sendo horas de pensar no almoço. O meu objetivo é que, salvo raras exceções, as minhas manhãs sejam para cuidar de mim e do meu bem estar. Quero manter uma vida com qualidade enquanto me for dado andar por cá. E como os anos vão sendo cada vez menos, não me posso descuidar para poder gozar em pleno desta vida e deste mundo que me foi dado habitar. A VIDA é um DOM.
 
Depois do almoço e de uma pequena sesta de 15-20m dedico-me às minhas tarefas de contribuição para a sociedade de que faço parte. Aulas na Universidade Sénior, orientação de clubes, preparação desta e de outras atividades, sobretudo as relacionadas com a Paróquia onde oriento grupos de aprofundamento da fé. Conversa com os amigos, na Net ou de outra forma.E tenho também a minha horta que visito pelo menos 2-3 vezes por semana. Tento ainda ter o meu tempo diário para meditação.
Quando eu falo de todas estas atividades, dizem-me às vezes: "Pois, é bom ter o tempo ocupado". Esta frase provoca em mim um certo desconforto, porque eu não me dedico a tudo isto para ocupar o tempo. Tudo isto é fruto do meu dinamismo interior.  Tenho objetivos. Por um lado, como disse acima, quer manter uma vida com qualidade até ao fim dos meus dias e, por outro lado, quero continuar a contribuir para esta Sociedade, retribuindo assim tudo quanto recebi dela.
E é a isto que eu gostaria de me manter fiel. Não numa fidelidade rígida, mas dinâmica e flexível, que  nem me deixe sentimentos de culpa nem sentimentos desleixo ou preguiça. Quero uma vida bonita e prazerosa.

Monday, December 01, 2014

RECOMEÇANDO

Tão preguiçosa tenho sido na visita a este meu Blog! Às vezes penso que deveria continuar, e dar largas à minha imaginação e ao meu desejo de ajudar outros a crescer. GENTE QUE QUER CRESCER, nasceu precisamente para isso. Quando ousamos partilhar as as nossas vivências não crescemos apenas nós, mas ajudamos outros a seguirem no nosso encalço. E os outros nos ajudam a nós. Evoluímos a partir deste intercâmbio de vida que vai passando em nós e que não deseja outra coisa senão comunicar-se. É o caminho, às vezes difícil para a interioridade. Hoje, ouvi várias pessoas partilharem as suas vidas. É algo que sempre me deixa encantada e surpreendida. De facto, o nosso povo tem razão quando diz: "Quem vê caras não vê corações". Quantos sonhos, quanto sofrimento, quanta força se esconde por detrás de um rosto! É preciso ser poeta para exprimir o espanto, a gratidão e a admiração que estas partilhas deixam em nós.
Por isso, deixo isso com Eugénio de Andrade:

"Somos folhas breves onde dormem
aves de sombra e solidão.
Somos só folhas e o seu rumor.
Inseguros, incapazes de ser flor,
Até a brisa nos perturba e faz tremer.
Por isso, a cada gesto que fazemos
Cada ave se transforma noutro ser."

Wednesday, January 22, 2014

O Inverno este ano não tem sido propriamente simpático...As manhãs escuras e chuvosas convidam a ficar na cama mais um pouquinho. A preguiçar... As pessoas mais dadas a depressões queixam-se que o tempo não ajuda. Ou não estejamos nós cansados de saber que "o tempo tem as costas largas"! Pois é, quando não encontramos mais ninguém para quem deitar as culpas, atiramos com elas para o tempo...E ele, o TEMPO lá vai aguentando com tudo. Não se queixa. Não nos devolve as culpas. Cala-se sempre.
A propósito de culpas, vem-me a conversa que tive ontem com um grupo precisamente à volta deste assunto. Quando as coisas nos correm mal, quando temos algum problema, o primeiro impulso que nos vem é de culpar os outros. Aqueles que estão próximos, primeiro, os mais afastados, depois. Ou então culpamo-nos a nós próprios, depreciando-nos como uns pobres coitados que não sabem muito bem o que andam a fazer. E lá fica a nossa autoestima pelas ruas da amargura. Depois, graças a Deus, acordamos e refletimos sobre o que se passou. Temos uns laivos de clarividência e chegamos à conclusão de que não vale a pena estar a culpar quem quer que seja, porque isso em nada nos faz avançar. É uma atitude que só provoca mal estar connosco e com quem nos rodeia.
Seria bem mais sábia a atitude de parar e, antes de atirar dardos para um lado e para o outro, pensar no que de facto aconteceu e qual a nossa quota de responsabilidade no assunto, retirando as respetivas conclusões. É a isso que chamamos personalidade adulta ou madura `qual todos aspiramos.

Monday, December 30, 2013

NOVO ANO

Um tempo destes, com esta chuva e frio persistentes, só pode convidar a ficarmos quietinhos dentro de casa, de preferência junto de uma boa lareira, se a tivermos. Bem agasalhadinhos e aconchegados à espera que as horas passem. Um bom livro também poderá ajudar. Até porque neste momento todos estamos à espera...Esperamos pelo dia de amanhã, o dia 31 de Dezembro, o último dia deste ano que agora se aproxima do seu fim e se despede. Nós, os humanos, criámos ritos, festas...Precisamos deles para quebrar a monotonia da vida que às vezes se torna bem pesada. E este rito da "passagem de ano" é apenas mais um. Precisamos de festejar. Olha-se para o tempo que passou, lamenta-se e agradece-se. Fazem-se promessas e alimentam-se sonhos para o futuro...Há sempre uma ESPERANÇA no ar: amanhã será melhor!...
Quanto a mim, creio e espero que sim. Porque todos nós, sem excepção, desejamos o melhor para nós mesmos e para os que nos são caros. E a nossa ação vai, de certeza, acompanhar os nossos desejos. E  cada um vai fazer o seu pequeno esforço para ser melhor, para que o mundo seja melhor. Ainda que esse esforço seja apenas do tamanho duma migalha. Muitas migalhinhas juntas fazem um grande pão para matar a fome a tantos que o não têm. E, assim  o nosso mundo ficará um pouco melhor.

Monday, October 28, 2013

GENEROSIDADE

Já aqui referi que um dos meus poetas preferidos é o hindu Tagore - Rabindranath Tagore. Neste momento é um dos meus chamados "livro de cabeceira". Antes de conhecer este livro, antes de conhecer mais nada de Tagore, tomei conhecimento com o texto que partilho convosco. Com um grupo de amigas, acabámos por pô-lo em cena. Já lá vão muitos...muitos anos!!! Para mim continua atual e inspirador. Por isso, aí vai:

"Ia eu pelo caminho da aldeia,
pedindo de porta em porta,
quando o teu carro de oiro apareceu ao longe,
como sonho magnífico.
E eu perguntava, maravilhado,
quem seria aquele rei dos reis.

As minhas esperanças voaram até ao céu,
e pensei que os meus dias maus tinham acabado.
E fiquei à espera de esmolas espontâneas,
tesouros atirados ao pó.

O carro parou a meu lado.
Olhaste-me e desceste sorrindo.
Senti que por fim tinha conseguido a felicidade da vida.
Mas, de repente, estendeste-me a mão direita:
- Podes dar-me alguma coisa?.

Ah! De que se havia de lembrar a tua realeza!
Pedir esmola a um mendigo!
Eu estava confuso e não sabia o que fazer.
A seguir, muito devagar,
tirei do meu saco um grãozinho de trigo e dei-to.

Mas qual não foi a minha surpresa, quando à tarde,
ao despejar o meu saco no chão,
encontrei naquele miserável monte
um grãozinho de oiro.
Como chorei amargamente
Por não ter tido a coragem de ter dado tudo para ti."

Wednesday, September 04, 2013

VIAJAR

Gosto de viajar. Ultimamente, tenho vindo a descobrir uma nova forma de viajar, mais centrada na aventura. Viaja-se em quenos grupos (máximo 12 pessoas), sem grandes confortos, mas com um contacto intenso com os locais que se visitam, e com uma dinâmica de grupo muito interessante e com algum grau de exigência.
No mês passado foi o clássico Transiberiano que nos levou de Moscovo a Pequim, passsando pela Mongólia. De Moscovo ficou-me a grandiosidade, a beleza das suas Igrejas e monumentos, o Metro e o parque Gorki. Foram kilómetros palmilhados durante os quais foi possível observar a vida da cidade. Gente que se movimenta...sempre muita gente. Não senti particular simpatia nem alegria nos rostos dessas pessoas com quem nos cruzávamos. ou que nos serviam. Rostos fechados como fechada foi a Rússia durante tantos anos. Talvez isso tenha deixado uma certa dificuldade de abertura ao diferente.
Depois foi o comboio, muitas horas de comboio. Muitas noites dormidas no comboio. Foi a visita ao Lago Baical, a Irkutsk...lugares muito bonitos e ricos de história e de magia.
Voltar ao comboio é sempre um desafio. O comboio é o nosso ninho. Voltar ao livro que tínhamos deixado, às nossas simples refeições à base de "noodles" ao baloiço que nos adormece vai-se tornando um hábito gostoso.
A entrada na Mongólia surpreende. Primeiro pela paisagem que se vai tornando mais agreste, depois, pelos contrastes. Ulan-Bator, a capital é linda e enorme. Nela podemos encontrar os edifícios mais modernos ao lado dos tradicionais "gers" do povo nómada. Uma cidade imensa que alberga a grande maioria do povo mongol.
E chegamos a Pequim. Alojamo-nos num dos Hutongs (bairro), entre prédios e avenidas. Um bairro calmo, gente simpática e pacífica. Deslocam-se nas suas bicicletas ou motorizadas, umas e outras bem silenciosas. Apitam suavemente para a gente se afastar, mas nada de correrias. Aqui, tem-se a impressão que  o ritmo da vida mudou. Mas o Centro de Pequim é igual ao Centro de qualquer cidade do mundo ocidental. Apelo ao consumo, publicidade da mais sofisticadas lojas de artigos de luxo... Depois, é a histórica Praça Tianamen, a não menos histórica Cidade Proibida, o Buda Temple, a Universidade de Confúcio, outros que não deu para visitar e, finalmente, a Grande Muralha fim da nossa viagem. É uma privilégio caminhar na Grande Muralha. Faltam as palavras para descrever a sua grandiosidade. Para falar dos motivos que levaram um povo a  construiu uma obra destas apenas para se defender dos vizinhos. É simplesmente impressionante. Toda a  gente a devia visitar, pelo menos uma vez na vida.

Tuesday, January 15, 2013

REAGIR / AGIR

Ontem, durante de uma reunião,em que se falava sobre o estado e valores do nosso mundo, ouvi mais uma vez o comentário "este mundo está cada vez pior" e creio que surgiu também um outro à volta da falta de valores.
Fiquei a pensar no assunto e apeteceu-me escrever sobre isso. Quem faz esta afrimação, só tem duas hipóteses: ou não se considera pertencendo a este mundo, ou admite que está, de facto nele, fazendo parte desta humanidade. Ora bem, na primeira hipótese a pessoa está a excluir-se e a dizer "eu sou a excelência e todos os outros são mais ou menos lixo vão todos para a condenação". Na segunda hipótese, a pessoa está a dizer "eu também estou cada vez pior". É que, quando afirmo "este mundo" eu estou a falar dele como se eu não estivesse nele...De certeza que não é nada disso que as pessoas querem dizer quando fazem esta afirmação. Normalmente estas frases são ouvidas em pessoas mais ou menos idosas...O que eu penso é que elas estão a reagir a um mundo cuja evolução não conseguem acompanhar e que as deixa inseguras.
O mesmo acontece com a queixa sobre a tão famosa "ausência de valores". Não ouço os jovens queixar-se disso. O que acontece é que os valores são diferentes daqueles que me trasmitiram numa época que já passou. E quem me disse que só havia esses? E que só esses eram bons? Alguém defende hoje, por exemplo, a escravatura?
A meu ver, a atitude mais correcta, seria a de OBSERVADOR. Não a de um observador passivo, que olha e passa adiante, mas do observador atento que olha, VÊ, e se interroga. Interroga-se sobre este mundo que muda a cada instante, sobre novos valores ou não valores que aparecem, sobre a melhor forma de intervir quando algo me leva a reagir. Porque, de facto, a reacção não muda nada. O que muda é a acção. Uma coisa é reagir, outra é agir. E o agir transforma, faz avançar, provoca mudançar em mim e nos outros.
Vem-me ao pensamento uma pequena história do povo judaico:
Deus disse a Moisés:
- Moisés, tu não vais entrar na Terra Prometida.
E Moisés ficou muito admirado. Ele desajava isso mais que tudo. E pôs-se a questionar Deus sobre essa sua decisão:
- Mas porquê, Senhor. Eu fiz tanto pelo teu povo.
E Deus continua:
- Nao, Moisés, não vais entrar. Reconhece o teu pecado.
E o pobre do Moisés pensou e voltou a pensar sobre qual seria o grande pecado que o impedia de entrar na Terra Prometida. E voltou:
- Ó Senhor, foi por eu ter duvidado da água a sair do rochedo?
E Deus continuou:
- Não, Moisés. Reconhece o teu pecado.
E por mais que Moisés desse voltas à cabeça não conseguia encontrar o tal pecado.
Por fim, Deus resolveu-lhe o problema:
- Moisés, tu não vais entrar na Terra Prometida, porque tu não pertences ao Povo. Tu excluiste-te desse Povo. Repara: sempre que te referes a ele dizes "este povo" o "teu povo"...
E Moisés reconheceu o seu pecado.

Sunday, January 13, 2013

FAMÍLIA

Encontro de família a propósito de um aniversário, mesmo se festejado com um tempo de atraso. Ao sabor da vida e dos acontecimentos vamos assim descobrindo momentos de celebração que nos vão preenchendo. Há famílias que ainda conseguem parar, para olhar uns para os outros com uma atenção particular, que ainda encontram momenstos para serem felizes juntos. Visto de fora, parece que nós, os portugueses, temos um sentido de família que não é muito comum noutros povos. É um valor a conservar e a apreciar. Ás vezes apreciamos pouco o que é nosso e que outros invejam.
Soube-me bem esta tarde passada entre os meus, os que me são mais próximos, aqueles com quem eu sei que posso sempre contar.
As festas, as celebrações, fazem parte da vida e enriquecem-na, retirando-lhe um pouco da rotina constante e continua do dia-a-dia. E deixam em nós um fôlego novo para os dias que vêm.

Friday, December 28, 2012

ANO NOVO

Dia após dia, passo a passo, vamo-nos aproximando paulatinamente do final de mais um ano. Para alguns o dia da passagem de ano é um dia como qualquer outro. Para outros é um dia de "farra", de diversão até mais não poder, para outros ainda é um dia de reflexão. Reflexão, sobre o tempo que passa. Que não contempla as nossas distrações. E a nossa distracção em relação ao tempo é mesmo muita. Só quando nos bate à porta um acontecimento mais imprevisto, quando nos cruzamos com alguém que não víamos há muito tempo e que, de repente nos aparece coroado de "brancas"  é que nos damos conta de como o "tempo passou"! Somos assim. Até porque não podemos andar permanentemente numa de reflexão. Os automatismos, o andarmos distraídos, faz parte da vida. Alguns de nós, têm a tendência de a levar demasiado a sério. Eu também tenho e já tive mais essa tendência. Por isso, neste momento da minha existência faz-me bem, por vezes, deixar-me viver distraidamente, sem preocupações nem reflexões de maior. Creio que está a ser saudável.
Bom, mas voltando a este ano que vai caminhando para o fim, talvez seja bom parar um pouquinho para pensarmos no que fizemos do nosso tempo. E o que pretendemos fazer dele nesta nova etapa que se abre diante de nós. Talvez seja o tempo de concretizarmos sonhos antigos que continuam à espera. Talvez seja o tempo para aquele encontro que tanto desejamos. Talvez seja o tempo para...para...para...para o imprevisto essencialmente. E para esse imprevisto, todos temos de estar preparados. Ainda hoje falava com um amigo que foi apanhado por um grande imprevisto. Difícil de digerir, como são todos. Mas viver é isso. A maior parte das vezes, a vida não é como a planeamos, mas como ela se vai desenhando. Há um dito de que gosto particularmente e que diz: "Enquanto eu me distraio a fazer planos para a vida, a vida vai fazendo planos para mim". Quem não teve já essa experiência? Então, o que desejo a todos é a abertura necessária para acolher as surpresas do Novo Ano que se aproxima.

Wednesday, November 14, 2012

NEPAL

Creio que já tive ocasião de, neste espaço do meu Blog, comparar a vida a um comboio. Gente que entra, gente que sai, gente que segue rumos diferentes...Somos todos viajantes neste nosso universo.
E como se conhece gente bonita quando viajamos! E como ficamos tão mais enriquecidos com cada pessoa que viaja connosco, mesmo que seja por umas horas escassas!
Acabo de ter como companheiros de uma viagem marcante, um grupo de jovens e menos jovens, gente sonhadora e aventureira, que arriscou subir o santuário dos Annapurna, no Nepal, até aos 4130m de altitude! Inesquecível a densidade da floresta tropical, a água jorrando com toda a sua força por todos os lados, e a neve...A brancura da neve que, a partir de certa altura sempre nos acompanhou.
Das dificuldades da subida, já ninguém fala. Aliás tudo passava ao esquecimento quando se vencia mais uma etapa. A alegria da chegada, de ter conseguido, superava tudo. se aventuras há, esta foi, de facto uma delas. Para mim, a maior da minha vida até hoje.

Friday, September 21, 2012

AMIZADE

 

Hoje, encontrei-me com uma velha amiga. Como de costume foi uma festa - a festa da amizade.
E mais uma vez refletimos em conjunto sobre esta afinidade de almas que faz com que, depois de tantos anos de ausência, os nossos corações se entendam como no primeiro dia. É sempre bom estar com a Teresa. Os nossos caminhos assemelham-se em grande parte. Somos duas lutadoras. Somos duas sonhadoras de novos horizontes, inconformistas e dispostas sempre a avançar como a aquela inovação que pode trazer mais VIDA à nossa vida e à vida das pessoas. O conformismo não cabe no nosso vocabulário mesmo se, por vezes, temos de arcar com as suas consequências. Para  a Teresa vai esta flor - a flor da nossa amizade.

Friday, September 14, 2012

O COMBOIO DA VIDA

lá vão uns bons anos desde que iniciei este Blog. No entusiasmo de alguns cursos de Desenvolvimento Pessoal que orientei, muita gente sentiu neste Blog um meio de continuar a sua caminhada de crescimento. E os textos e comentários que foram sendo partilhados constituiram aquele elo de ligação tão necessário para que não nos sintamos sós a caminho de nós mesmos. Porque é diso que se trata: caminhar para mim mesmo, ir até ao fundo, perceber aí a minha essência, feita de dons que muitas vezes ignoramos e construirmo-nos a partir daí. Ainda há pouco lia qualquer coisa que dizia mais ou menos isto: "as pessoas lêm livros de pessoas célebres ou interessantes e esquecem-se que o grande livro está dentro delas". Temos muita dificuldade em parar para "ler esse livro".
Parece que até temos medo de lá encontrar coisas de que não gostamos.
 
Entretanto, essas primeiras pessoas intervenientes neste Blog, passaram. Foram às suas vidas. Talvez tenham encontrado outros meios de crescimento outros contactos que melhor respondessem à sua dinâmica interior. A vida é assim. Várias vezes a comparo a um comboio em que cada um é uma carruagem. Há pessoas que entram, há pessoas que saem e cada qual vai seguindo o seu destino. E nós lá continuamos à espera, entrando também e saindo em carruagens diferentes, levando e deixando pedacinhos de nós.

Tuesday, May 29, 2012

SANTIAGO

O momento da chegada. Todos, num abraço, à volta da VIEIRA que nos tinha acompanhado todo o caminho.

Tuesday, May 22, 2012

PEREGRINAÇÃO SANTIAGO

Já tinha saudades do meu Blog. De vez em quando, esqueço-me dele. Há sempre tanta coisa em que ocupar o tempo que, se não houver um ritmo de fidelidade, algumas dessas coisas vão ficando para trás. Hoje, porque tenho andado empenhada em fazer o "diário de bordo" de uma caminhada até Santiago de Compostela, apetece-me dizer algo sobre essa mesma caminhada, embora já tenha passado quase um mês. Foi simpática esta peregrinação de 9 amigos até este santuário de longa tradição cristã. Os caminhos de Santiago e as histórias de peregrinos e peregrinações perdem-se no tempos. Pacientemento foram-se abrindo caminhos, tendo o cuidado de os assinalar, para facilitar a vida a quem viesse a seguir. O caminho que tomamos desta vez, foi uma parte (a partir de Ourense), do Caminho Sanabrés. Tinham-me dito que é um dos caminhos mais bonitos. As minhas expectativas foram largamente excedidas. A paisagem é magnífica e estava magnífica nesta época do ano, proporcionando-nos largos momentos de contemplação Também é muito variado e com muito poucos troços de alcatrão o que é sempre agradável. Cansa menos. E que dizer do grupo? Solidariedade, cuidado, inter-ajuda, tolerância, foram outras tantas aprendizagens do nosso trajecto. Engraçado que, a certa altura a nossa mente como que pára e só o corpo se move. Parece até que por dentro não está a acontecer nada! Mas, quando tudo termina, é uma catadupa de coisas que vêm à mente em forma de aprendizagens. São laços que se estabeleceram e se reavivam. É o nosso interior que se pacifica e dinamiza. Pessoalmente, sinto uma atracção particular pelo caminhar. Seja o caminhar numa serra ou em caminho apropriado, seja sob a forma de peregrinação, é algo que me dá muito prazer. E ensina-me o meu ser-peregrino-neste-mundo. Esta não é a nossa morada definitiva. Estamos de passagem e, por isso, o caminhar ensina-me a passar pelas coisas, sem as reter.