GENTE QUE QUER CRESCER

Wednesday, April 26, 2006

Continuo a enviar-vos um bocadinho da beleza do deserto. Mas também há rosas no deserto? Sim, rosas e muito bonitas e perfumadas. Claro que não é propriamente no meio das dunas, mas bem, bem perto, alí nos jardins do hotel, aguentando às vezes, com grandes tempestades de areia. Toda a beleza nos ajuda a crescer. Por isso aí ficam, para delícia de quem as quiser olhar.

Thursday, April 20, 2006

DESERTO

"No deserto
nada se prevê: espera-se".

Wednesday, April 19, 2006

DESERTO

Cheguei, há dois dias do deserto. De facto, a viagem foi um percurso de cerca de 4000km pelo lindo e variado país de Marrocos, aqui, às nossas portas. Mas, para mim, foi ir ao DESERTO. Desde que me deparei com um folheto de divulgação da Expedição " O Despertar dos Sentidos", foi o "ir ao deserto" que saltou em mim. Sonho que vinha de muito longe...Que vinha desde a minha primeira leitura de "O Principezinho", que passou pelo "Lawrence d'Arábia", por Carlos Carreto junto dos Tuaregues e por leituras mais recentes de experiências do deserto.
Falar da experiência do deserto é complicado. É que cada um o experimenta à sua maneira inserindo-o na sua própria história de vida. Mas, creio que o deserto é sempre uma experiência forte. Estar ali, mo meio do nada, ouvindo a voz das dunas, do vento, do sol, deixando-se envolver por aquela areia fina que tudo penetra, tudo apaga, tudo renova...é como que sentir a própria vida presa por um fio, mas aberta ao infinito, ao essencial. É experimentar a força de vida que se esconde por debaixo daquelas areias escaldantes e que bem depressa brotará em catadupas.
O Deserto e os nossos desertos...As nossas paragens e quebras no meio do nada onde parece que tudo acabou. Só que no fundo, sabemos que não acabou. Lá bem por detrás de tudo, esconde-se sempre a VIDA. No nosso "Manual do viajante" havia algumas frases que ajudavam a viver o deserto. Uma delas dizia: "No deserto, nada se prevê: espera-se". E eu acrescentei, em mensagens para algumas amigas, "na vida também". Sim, na vida, também a grande sabedoria é esperar. Abrir-se àquilo que surgir, na certeza de que tudo está aí para o nosso crescimento. A vida, é da ordem do imprevisto. E só sofremos quando tentamos controlá-la. Creio que este foi um dos grandes ensinamentos que trouxe do deserto: saber esperar, saber abrir-se ao imprevisto.

Tuesday, April 04, 2006

O CORPO E SEUS SÍMBOLOS 3

Prometi continuar com este tema de análise do corpo e das suas memórias. E já lá vão umas semanas, ou uma pelo menos, sem que eu tenha voltado ao Blog. As minhas desculpas aos leitores que esperam mais. Penso que é fundamental esta atenção ao nosso corpo e aos sinais que ele nos vai enviando. Se nos distraímos, e só lhe damos atenção quando ele se queixa "à brava", pode ser tarde demais para o compensar.
Como disse, sigo nesta reflexão o autor Jean-Yves Leloup, apresentando, apenas, algumas curiosidades. Segundo ele, e citando outros autores, os pés, por exemplo, são, para uns, um símbolo erótico, para outros, o símbolo da nossa força. É o suporte que temos para permanecermos erectos. Em certas práticas de Yoga, há a purificação dos pés em água salgada. Em práticas espirituais há o lavar os pés antes das orações, ou o lavar os pés aos discípulos, no caso de Jesus. É como se lavando os pés, todo o nossos corpo fosse lavado das impurezas que a vida (a poeira do caminho) vai deixando nele. Noutras tradições ainda, os pés são o símbolo do poder...o ponto de contacto com o real. Lembremos o dito "ter os pés assentes na terra". Ficamos nós no mundo das ideias ou temos "os pés assentes na terra" sem medo de contactar com o "real" da nossa vida?
E dos joelhos, que podemos dizer? Parece que nalgumas línguas, há uma ligação entre a palavra joelho e a palavra filho. Ser filho, ser filha, é estar no colo, sobre os joelhos. E o menino ou menina que não teve colo ficou privado desta bênção de comunicar com o pai e a mãe, sentado nos seus joelhos. Em certas tradições, também na tradição bíblica, "dobrar os joelhos" diante de alguém é sinal de respeito e submissão. Na verdade, só o deveríamos fazer diante de Deus...
Mas também os joelhos são o símbolo do poder e de domínio. Obrigar alguém a "dobrar os joelhos" é exercer domínio (que é diferente de poder) sobre ele.
Portanto, ao pensar nos nosso joelhos, tanto podemos lembrar-nos do que não tivemos (da ausência do colo, por exemplo), como da força, do poder e da bênção que nos chegaram através deles.