GENTE QUE QUER CRESCER

Saturday, January 27, 2007

ORAÇÃO

Fico sempre maravilhada quando encontro orações muito antigas e dos mais diversos povos. Parece que o homem sempre sentiu necessidade da rezar, de se dirigir a esse Ser Supremo que tudo ordena e nos acompanha na nossa caminhada. É talvez o sentimento da nossa fragilidade e impotência que nos empurra a isso. Há dias chegou-me às mãos um livro, de Tolentino Mendonça, uma antologia das tradições espirituais, intitulado "A Oração dos Homens". É de lá que retiro esta oração:

INVOCAÇÃO:

Venerável e grande Senhor, pedimos-te que nos ajudes a servir-te,
pedimos que nos perdoes os nossos pecados.
Cremos em Ti.
Em ti depositamos toda a nossa confiança.
Louvamos-te.
Para ti vai todo o nosso reconhecimento
Proclamamos as tuas graças.
Venerável e grande Senhor, prostramo-nos perante ti, o único.
Queremos caminhar fielmente pelos teus caminhos.
Queremos servir-te zelosamente.
Esperamos pela tua misericórdia.
E tememos o teu julgamento.

Maometismo chinês

Friday, January 19, 2007

LIVROS

Na minha sala há o recanto dos livros. De facto, não é um recanto mas um armário...Naquele lugar onde alguns colocam as suas preciosidades de faiança ou cristal, eu coloco livros. Costumo dizer que são a minha tentação. E são. Às vezes tenho de fazer aquele exercício que faço em relação a outras coisas: "Precisas mesmo?" É que, tal como acontece com outros objectos comprados por uma tentação de momento, às vezes os livros também ficam ali à espera de tempo para serem folheados. Depois, há na minha "biblioteca" aqueles livros que leio, ficam por aqui algum tempo, e logo os envio para a cave, o lugar da segunda biblioteca...Mas há alguns que nunca saem destas prateleiras que tenho mesmo aqui à minha frente. Volta e meia, pego neles, leio uma página e retomam o seu lugar. É assim como se um estranho apego, uma invisível ligação me impedisse de me separar deles. Há bocadinho fui buscar um desses, "Coração da Primavera", uma colectânea de poemas de Tagore, feita por Luís Simões. E aí vai um desses poemas que poderá muito bem ser a minha (nossa) meditação desta noite.

CÂNTICO DA ESPERANÇA

Não peça eu nunca para me ver livre de perigos
mas coragem para afrontá-los.

Não queira eu que se apaguem as minhas dores
mas que saiba dominá-las no meu coração.

Não procure eu amigos no campo de batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente ser salvo
mas ter esperanças para conquistar pacientemente a minha liberdade.

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia no meu triunfo
mas apertar a tua mão no meu fracasso.

Tuesday, January 09, 2007

PALAVRAS

"As palavras esteriotipadas e repetidas são uma espécie de "pronto a servir". São palavras programadas que nos impedem de pensar e que, de um modo geral, ocupam o lugar das pausas. Por exempo, quando falamos dizemos: então, pois, este...e introduzimos palavras que são eco de outras que temos programadas, porque receamos entrar em contacto com o Ser. É por isso que a nossa linguagem não tem pausas. Quando as palavras são justas estão rodeadas e penetradas pelo silêncio. Se não são justas, não têm pausas, não têm silêncio, são palavras atropeladas porque não levam a música do Ser. As palavras que nascem do silêncio sagrado que há nas pausas são palavras da alma. Se respirássemos profundamente, fizéssemos uma pausa e reflectíssemos uns instantes naquilo que vamos dizer - mas não apenas com a cabeça, mas com todo ser - poupar-nos-íamos uma grande parte dos mal entendidos."
(Jorge Carvajal, em Por los senderos del alma)

Tuesday, January 02, 2007

KAIRÓS...

Ainda no rescaldo das últimas badaladas que selaram o "ano velho", e vivendo já a novidade do "ano novo" que chegou carregadinho de surpresas (não é a vida, toda ela, uma surpresa), apetece-me reflectir sobre esta coisa que é o tempo, e que nós, humanos, tivemos necessidade de dividir em partes - anos, meses, horas, minutos, segundos...Para saber "a quantas andamos" apenas. Porque o tempo, como diz Heráclito, "é como um rio onde tudo o que existe flutua e se dissolve". O tempo em si é contínuo, tal como o rio. E depois, há o tempo contado pelos relógios (tivemos de inventar esses instrumentos de marcar o tempo), e há o tempo a que Rubem Alves chama o "tempo do coração", o Kairós.
"Há um tempo que se mede com as batidas do coração. Ao coração falta a precisão uniforme dos cronómetros. Suas batidas dançam ao ritmo da vida - e da morte. Tranquilo, de repente se agita, dá saltos, tropeça...A esse tempo de vida os gregos davam o nome de Kairós - para o qual não temos correspondente. A nossa civilização tem palavras para dizer o tempo dos relógios, mas perdeu as palavras para dizer o tempo do coração".
(Rubem Alves, em Presente)
Que ao longo deste ano saibamos viver no "tempo do coração".
Para ajudar, continuaremos com a nossa meditação todas as terças-feiras, no Espaço RUAH. E, no próximo Domingo, passaremos o filme "The Secret".